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Vidro Auto: Cada vez mais tecnológico

14 Julho, 2020

As redes de vidro auto têm vindo a adaptar-se às novas características e exigências tecnológicas dos veículos e procuram diferenciar-se através da oferta de uma variedade de serviços complementares.

TEXTO NÁDIA CONCEIÇÃO

Os veículos novos chegam equipados com uma área de vidro cada vez maior na sua carroçaria. Sejam os grandes tetos panorâmicos ou para-brisas de maiores dimensões, além do aspeto estético, esta tendência tem grande influência também no aumento da segurança, conforto e visibilidade para o condutor. As redes de vidro têm apostado na forte cobertura geográfica de todo o país, para prestar um serviço cada vez mais rápido e de proximidade, reduzindo os tempos de paragem dos veículos e fidelizando clientes, ao mesmo tempo que apostam na formação dos seus técnicos e na modernização dos equipamentos e serviços que prestam, para acompanhar toda a evolução tecnológica dos veículos, que se tem afirmado também na componente do vidro.

Com uma rede de 140 lojas em Portugal e 252 em Espanha, a Glassdrive tem apostado, tal como as outras redes de vidro auto, em prestar serviços complementares – para além da reparação e substituição do vidro – aos seus clientes, nomeadamente “proteção solar e estética, através da película Solar Gard e polimento de faróis, produtos Drive Care e limpeza interior de veículos, entre outros”, explica Licínio Nunes, da Glassdrive. A Carglass, com 72 agências em todo o território nacional, incluindo Madeira e Açores, oferece, além dos serviços de reparação e substituição do vidro automóvel e da calibração do sistema ADAS: polimento de faróis, higienização do habitáculo e das condutas de ar, substituição de escovas limpa para-brisas e/ou óculo traseiro, assim como a aplicação de produto provisório na quebra de um vidro lateral ou óculo traseiro, no caso de não existir stock imediato”, explica Alexandre Santos, da Carglass.

A Newcar tem apostado também neste tipo de serviços. “Temos a tradicional reparação e substituição do vidro em qualquer tipo de veículo e, além destes serviços, temos aqueles que são efetuados na maioria dos nossos centros, tais como: colocação de películas, polimento de faróis, moldes e colocação de vidros especiais e vinil”, refere António Nunes, da Newcar, que conta atualmente com cerca de 60 centros, associados a mais 50 pontos de montagem, “o que nos permite ter uma cobertura nacional, no que se refere ao continente”.

Célia Mendes, da ExpressGlass, rede que conta atualmente com 87 lojas, indica que, nos centros da marca, é feita a substituição de qualquer vidro automóvel, independentemente da marca, modelo ou ano da viatura, e que “a rede dispõe dos seguintes serviços complementares: calibração ADAS para veículos ligeiros e pesados: a reposição dos parâmetros iniciais da câmara do para-brisas depois de uma substituição é fundamental para o correto funcionamento da tecnologia de assistência ao condutor, cada vez mais presente em várias marcas e modelos automóveis, substituição de escovas, polimento de faróis, lavagem sem água – em algumas lojas da rede ExpressGlass, utilizamos produtos biológicos para a realização de lavagens sem água –, higienização do habitáculo e condutas AC, por forma a garantir a qualidade do ar do interior do veículo; aplicação de repelente de água, aplicação de películas e colocação de acrílico em situações urgentes, por forma a que o veículo não fique imobilizado”.

SUBSTITUIÇÃO OU REPARAÇÃO
A reparação tem sido uma das tendências, mas, sempre que não é possível recorrer à reparação do vidro, as marcas procedem à substituição total do vidro automóvel por um novo. Célia Mendes, da ExpressGlass, indica que, sempre que possível, a ExpressGlass procede à reparação do para-brisas, recuperando a sua resistência natural”. Por sua vez, Licínio Nunes, da Glassdrive, indica que a tendência futura continuará a ser a substituição e a reparação do vidro conviverem, “como até agora. Mas não me escandalizaria, se os vidros deixassem de ser reparados, uma vez que os fabricantes automóveis e os produtores de vidro tem de lidar com essa pedra no sapato”. Por sua vez, António Nunes, da Newcar, adianta que a tendência “irá sempre passar pela evolução tecnológica existente, obviamente caso seja possível efetuar reparação em vez da substituição, esta será sempre a melhor opção para todos, pelos mais diversos aspetos tais como: devolução da segurança da viatura, não necessidade de alterar aquilo que foi instalado em fábrica, mais económico, mais rápido e também o aspeto ambiental”. No caso da Carglass, Alexandre Santos indica que “a tendência será sempre a reparação e o impacto ambiental é a razão para tal acontecer. Os resíduos obtidos numa reparação de para-brisas são muito menores e menos nocivos para o ambiente que os obtidos por uma substituição. Já no que concerne à questão financeira, a reparação é também muito menos dispendiosa que a substituição do para-brisas, que cada vez incorpora mais tecnologia na sua composição”.

ADAS
Em relação à importância dos sistemas ADAS e à sua crescente influência no negócio da reparação e substituição de vidros auto, António Nunes refere que “tendo em conta a atual situação, acreditamos que irá ter um crescimento acentuado nos próximos anos. Mas existe sempre a necessidade de estarmos atentos à evolução das próprias marcas no que diz respeito à forma de efetuar a calibração (dinâmica, estática ou auto calibração). Caso exista uma tendência de auto calibração, o potencial obviamente que se irá ajustar a essa nova realidade de forma rápida”. Licínio Nunes lembra que o sistema ADAS é o precursor do veículo autónomo. “Aquilo que nos parecia ficção há bem pouco tempo, começa a ser uma realidade. Os fabricantes automóveis pedem aos produtores de vidro que desenvolvem conjuntamente esta tecnologia, que conhecemos de perto. Mas haverá alterações nas tecnologias e qualidade que vêm inseridas no vidro e provavelmente, se não se regenerarem, veremos algumas pequenas fábricas concorrentes a ficar pelo caminho e a ter que fechar portas, porque, como é sabido o vidro cópia não consegue calibração! Talvez aí, se separe finalmente o vidro de qualidade da cópia e, consequentemente, a qualidade seja o padrão que norteia o negócio!”. Alexandre Santos lembra que “os sensores/câmaras no para-brisas funcionam com outros sensores localizados em redor da viatura, para fornecer informações ao computador de bordo e ao condutor. Se um sensor estiver fora de calibração, pode fazer com que outros sensores nessa matriz não funcionem conforme o pretendido pelo fabricante. Ter a capacidade de recalibrar sensores e/ou câmaras é essencial para que o condutor circule na sua viatura com todos os sistemas repostos e a funcionar corretamente. Como tal, os sistemas ADAS e as novas tecnologias de condução autónoma têm um impacto colossal no setor”.

TENDÊNCIAS
No que se refere às principais tendências e desafios que se avizinham no setor da reparação e substituição de vidro auto, Licínio Nunes lembra que esta é uma àrea que tem sofrido metamorfoses permanentes ao longo dos anos. “Quando nos anos 70, praticamente todos os vidros eram temperados, volvidos 50 anos, tudo mudou e os vidros de para-brisas são todos laminados, por questões de segurança e peso do veículo. No futuro haverá, por certo, inovação na espessura do vidro, mas a maior inovação, será pelo valor acrescentado que virá incluído no vidro. Antenas, sistemas de segurança e de sinalização, leitura, GPS, radar, autolimpeza, Bluetooth, geolocalização, entre tantas outras. O vidro será o ecrã tátil para tudo e os vidros laterais serão as consolas e écrans”, ao que António Nunes é da opinião que o setor irá evoluir essencialmente no sentido de melhorar a qualidade do serviço prestado baseado nas reais necessidades dos clientes, oferecendo a solução mais eficiente, lembrando que existe a “necessidade de acompanhamento das atuais tendências tecnológicas, as quais vão evoluir de forma rápida. E ter um conjunto de fornecedores capazes de estarem atentos a toda esta dinâmica”.

Por fim, Alexandre Santos indica, por sua vez, que os dias de substituir um para-brisas pelo procedimento rudimentar de remover o vidro estão obsoletos. “Este processo, em tempos simples, deve agora ser responsável por vários sistemas avançados de assistência ao condutor. Esses sistemas dependem da posição e integridade dos para-brisas. Além disso, sensores integrados, monitores e suportes de montagem de câmara também afetam o procedimento de reparação ou substituição. Essas complexidades adicionam mais responsabilidade e desafiam o nosso negócio a ter como colaboradores técnicos de substituição de para-brisas certificados. Substituir um para-brisas e garantir que a viatura e todos os seus sistemas estão a funcionar corretamente é cada vez mais complexo. Outros desafios e tendências situam-se ao nível da logística, sendo necessária a resposta imediata quer técnica quer de produto, num quadro de constante inovação e rotação de produtos dos fabricantes automóveis; da tendência da superfície de vidro nas viaturas ser cada vez maior, o que implica novos formatos e formas de acomodação”.

De que forma irá o custo da calibração influenciar os acordos com as seguradoras?

Licínio Nunes
Glassdrive
“Não creio que o custo da calibração afete os acordos com as seguradoras. Creio, isso sim, que o aumento de prémio, se for essa a via seguida pelas seguradoras, poderá afetar a carteira, uma vez que, haverá casos em que a seguradora só implementará a medida do aumento mais tarde, havendo por isso migração da carteira! Quanto a nós, como agentes reparadores e de calibração, teremos em princípio, segundo os últimos estudos, cada vez mais serviço, porque, quando se der a massificação do ADAS, vai ser necessário calibrar praticamente todos os veículos, mas obviamente num horizonte de 10 anos!”.

António Nunes
NEWCAR
“Sendo algo bastante recente, o próprio mercado está a analisar com o devido cuidado todos estes aspetos, desde os próprios concessionários das marcas aos especialistas das mais diversas áreas da pós-venda automóvel, e, como é natural, também o mercado segurador está a analisar opções que irão ter em conta para os respetivos prémios de seguros. Sendo esta questão relevante no presente e futuro próximo acredito que é um trabalho que está a ser efetuado, e para o qual a Newcar tem colaborado com as seguradoras nesse sentido”.

Alexandre Santos
CARGLASS
“A Carglass tem acordo com todas as seguradoras em Portugal. É junto das seguradoras que procuramos entender o impacto dos sistemas ADAS sobre a sinistralidade e segurança rodoviária. O serviço de calibração é um procedimento indispensável no processo de substituição do vidro em qualquer viatura com câmara instalada no para-brisas, nas situações em que o fabricante indique necessidade de calibração; os acordos com as seguradoras refletem todos esta imprescindibilidade.

Artigo publicado na Revista Pós-Venda n.º 48 de setembro de 2019. Consulte aqui a edição.

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