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KIWA – Certificação SERMI: Digitalização contra roubos

27 Agosto, 2024

A certificação SERMI passou a ser exigida pela Comunidade Europeia a todos os serviços oficinais que tenham impacto na segurança anti-roubo dos veículos.

Atualmente na fase inicial de implementação em Portugal e no resto da Europa, a certificação SERMI é obrigatória em Portugal desde o passado dia 1 de abril. O SERMI é o organismo responsável pela definição, certificação e disponibilização do acesso a informações relevantes relacionadas com sistemas de segurança e anti-roubo de todos os tipos de veículos ligeiros, comerciais, camiões e respetivos reboques. A partir de agora, só com um certificado SERMI as oficinas/Operadores Independentes (OI) ou Prestadores de Serviços Remotos (RSS) poderão ter acesso a informação relevante das marcas sobre sistemas de segurança/anti-roubo, tais como atualizações de ECU, programação de chaves, substituição e programação de sistemas de fecho central de portas e outros serviços que envolvam o acesso ao software do veículo.

SERMI

Hugo Branquinho, VP Digital Solutions da EQS GLOBAL / KIWA, representa a única empresa de certificação SERMI que existe neste momento em Portugal, explicou à PÓS-VENDA a forma como funciona este novo sistema: “O SERMI é constituído por um grupo de trabalho em que participam vários stakeholders que juntam a parte da manutenção e reparação de veículos, onde se incluem os Operadores Independentes, as marcas, os fabricantes de veículos e de equipamentos, os Remote Service Suppliers – empresas que prestam serviços aos Operadores Independentes – e a Comunidade Europeia.

Tem como objetivo de desenvolver um sistema que garanta que as pessoas e entidades que operam nos sistemas de segurança anti-roubo dos veículos, são idóneas e têm competências para o fazer. Para o garantir, as oficinas necessitam de uma certificação digital, com um primeiro nível de validação feito pela KIWA. Esta faz a ponte para o Trust Center, a base de dados do SERMI, e, a partir daí, a definição das barreiras de acesso é da responsabilidade do fabricante de veículos”. Com esta certificação, as oficinas terão acesso aos sistemas informáticos que permitem realizar os serviços no âmbito da SERMI.“O Trust Center é o sistema que armazena todas as informações das entidades e dos seus funcionários que estão certificados para fazer esse serviço. Pretende-se desta forma rastrear toda a cadeia, minimizando possibilidade de alteração de peças, que inviabilizam a recuperação de veículos roubados, algo crescente na Europa”, adianta Hugo Branquinho. “A título de exemplo, uma viatura que necessite de uma intervenção de âmbito SERMI, inicia o processo pela recolha dos dados da viatura, da pessoa que leva o carro, pela criação de um pequeno resumo da intervenção a ser feita e pela identificação do colaborador certificado SERMI que fará a intervenção.

No passo seguinte, esse colaborador fará o seu login na plataforma, usando o seu QR Code SERMI, no sistema informático que utiliza. Este é o processo que permite rastrear todos os envolvidos no processo”. O responsável explica que a implementação do SERMI é definida por cada um dos fabricantes “Há modelos mais antigos em que os fabricantes podem não requerer a autenticação SERMI, e o contrário também. Os requisitos e o processo são da inteira responsabilidade de cada fabricante. A título de exemplo, existem marcas em que é necessário configurar a ECU para colocar uma ótica. Nestes casos é necessária a certificação SERMI, enquanto noutros casos, não é. As marcas têm regras específicas, que estão a implementar, e a conciliar acessos nas suas oficinas”. O responsável explica ainda que, “no caso de uma rede de oficinas, o técnico que liga a ficha OBD2 tem de ter a certificação SERMI e essa informação fica registada no serviço. O RSS, por sua vez, também tem de ter SERMI. Desta forma, a cadeia fica toda mapeada e registada”.

Certificação
No caso de um operador independente que pretenda pedir a certificação SERMI, o processo é totalmente feito online, e beneficia sempre de suporte local por parte da equipa da KIWA, para esclarecer dúvidas ou eventuais demoras no processo. “Na KIWA, damos a conhecer o processo e apoiamos as oficinas, além de recebermos o seu feedback e transmitirmos ao grupo de trabalho, ajustando o que é necessário de acordo com as especificidades do nosso mercado”, explica Hugo Branquinho. “A certificação é mais uma forma de a oficina dar confiança ao seu cliente e por isso pode ser importante do ponto de vista da fidelização de clientes. No processo de certificação de uma oficina (operador independente), esta começa por aceder ao website www.kiwa.pt/sermi, indicar o que pretende certificar (OI ou RSS, não havendo limite de colaboradores a certificar) e fazer o pagamento.

Após o pagamento é enviado um email a solicitar o upload da informação necessária, que depois é validada pelos serviços KIWA. Após uma validação bem-sucedida é enviada uma chave digital (QR Code) para se autenticar em qualquer website que necessite de SERMI. Esta chave digital é única e permite acesso a todas as marcas.

De acordo com o tipo de serviços que fazem e o tipo de viaturas que recebem, as oficinas estão a avaliar se têm necessidade de SERMI ou não. De ano para ano, com a renovação do parque automóvel, será cada vez mais necessário”, indica Hugo Branquinho. “Muitas já necessitam, outras querem ter para estarem preparadas para o futuro. Outras há que pretendem primeiro avaliar se precisam, nesta fase. A oficina tem de identificar que tipo de alterações, habitualmente, são feitas no software dos veículos que recebe, para perceber se tem essa necessidade. Para o perceber, as marcas têm de mapear muito bem cada modelo e cada opcional. Um outro exemplo é uma viatura que tenha alarme e que o mesmo esteja ligado aos piscas faz com que possíveis trabalhos nos piscas entrem no âmbito da certificação SERMI”.

A certificação é válida para cinco anos. Para as oficinas, o custo da certificação SERMI, para a totalidade dos cinco anos, é de 750 euros, mais 695 euros para uma visita de um responsável da certificação. “Este é um valor relativamente baixo para as oficinas, pois dilui-se por todo o período. O valor inclui a parte de verificação documental, o acompanhamento KIWA no caso de alguma dificuldade e o custo dos processos e dos sistemas informáticos, disponíveis 24 horas por dia, 7 dias da semana, assim como a visita do auditor à oficina, que verifica se tudo está em conformidade”, afirma o responsável da EQS.

Oficinas aderentes – SERMI

Neste momento já existem 13 oficinas independentes com a certificação SERMI em Portugal, e 26 pedidos a decorrer. “Na Europa, estamos com uma tendência muito boa de crescimento de certificações. Muitas oficinas estão a aguardar, para perceberem se a obrigação se aplica ao seu caso e se a assistência SERMI lhes irá gerar ou não negócio”, revela Hugo Branquinho, que conclui, indicando que a Comunidade Europeia irá iniciar a fiscalização e multar os fabricantes que não estiverem a operar de OFICINAS ADERENTES – SERMI acordo com o regulamento. “O que dinamiza isto são os softwares dos fabricantes, que, se permitirem que a oficina entre sem certificação SERMI, poderá continuar a fazer os serviços. Isto será ditado em função do software dos fabricantes, além da obrigatoriedade legal.

A real necessidade irá aparecer nas oficinas quando for exigida essa certificação por parte das marcas. Marcas como a Tesla, Mercedes e Volvo já estão a funcionar de forma plena com o SERMI, nos seus concessionários”.

SERMI: Como funciona?

A SERMI foi estabelecida com base na recomendação do relatório emitido pelo Fórum da UE estabelecido ao abrigo do Artigo 13 do Regulamento (CE) n.º 692/2008 e do Artigo 66 do Regulamento (UE) n.º 2018/858. A missão da Associação SERMI é desenvolver, possuir, operar e manter um esquema e processo inicialmente recomendado pelo Fórum da UE sobre Acesso à Informação de Reparação e Manutenção (RMI) de Veículos para aprovar e autorizar operadores independentes (OI) que trabalham no setor de pós-venda automóvel europeu a aceder à RMI relacionada com a segurança.

Os funcionários de operadores independentes precisarão de um token de segurança (MFA) e de um certificado eletrónico protegido por PIN, bem como de uma autorização ao aceder ao website de uma VM. Um funcionário só será autorizado a aceder à RMI relacionada com a segurança se a empresa empregadora também tiver sido aprovada.

1 – O Operador Independente (OI) que deseje realizar trabalho relacionado com a segurança abordará um Organismo de Avaliação da Conformidade (OAC).
2 – O OAC realizará então a aprovação necessária (para a empresa comercial) e as autorizações (para os funcionários individuais).
3 – Após notificação, o Centro de Confiança (CC) emitirá certificados e tokens de segurança a serem distribuídos pelo OAC ao Operador Independente, conforme apropriado.
4 – O OAC será acreditado e avaliado pelo Organismo Nacional de Acreditação (ONA).
Uma vez concluído, o funcionário individual poderá aceder às informações de cada fabricante com este único certificado e autorização (ou seja, evitando múltiplos certificados e procedimentos de autorização com cada fabricante de veículos individual).
A aprovação da empresa e a autorização do funcionário são válidas por um período de 60 meses, a menos que sejam revogadas devido a uso indevido.

Artigo publicado na REVISTA PÓS-VENDA 105, de junho de 2024. Consulte aqui a edição.

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