Nuno Wheelhouse Reis, Administrador da RedeInnov, analisa as tendências e ameaças do mercado de peças grossista no nosso país.
Como é caracteriza o setor grossista de peças auto em Portugal?
É um setor que tem demonstrado uma dinâmica de alguns players muito acentuada nos últimos anos, sendo notória a evolução em termos de profissionalismo das empresas que operam no mercado. Tem sido interessante acompanhar as diversas formas como os grossistas têm vindo a abordar o mercado, quando aquela que era a sua principal função no mercado há uns anos, a “importação”, deixou de acrescentar valor na maioria dos casos.
A cadeia (fabricante, grossista, retalhista e oficina) continua a fazer sentido no negócio de peças atualmente?
Não é tanto uma questão de cadeia de valor, mas mais de função que cada um cumpre no mercado e o valor que acrescenta. Acredito que nos próximos anos continuaremos a ver empresas com bons resultados, tanto de empresas que atuam seguindo a cadeia de valor “tradicional” como aquelas que encontraram outras formas de acrescentar valor à sua oferta seguindo uma lógica de distribuição mais curta e próxima do cliente final.
A tendência internacional no setor das peças é a concentração da atividade. Quais são as tendências futuras no setor grossista (e também retalhista) ao nível das peças em Portugal?
Tendo em conta a maturidade do mercado e os desafios que se colocam em termos de escala do negócio, o natural é que se assista a uma concentração de atividade ou o desaparecimento de alguns players. Seria desejável que se assistisse a uma concentração de players através de fusões e aquisições, como se verifica um pouco por toda a Europa, mas o que temos observado nos últimos anos é o “desaparecimento” de algumas empresas, sem que se consumem aquisições relevantes.
Para além da rápida disponibilização das peças, da qualidade das peças, da gama alargada, das plataformas B2B e dos preços competitivos, que outros fatores podem fazer a diferença (atualmente) no negócio das peças?
Todos os pontos enumerados são importantes no negócio, a questão não é apenas fazer, é acima de tudo fazer bem. Acreditamos que, apesar da facilidade de contacto com o cliente através das plataformas B2B, quem melhor souber entender as necessidades das oficinas e apresentar as melhores soluções, serão aqueles que se conseguirão destacar entre os demais, e por isso, o capital humano das empresas continuará a ser o fator decisivo no negócio.
As devoluções de peças são neste momento um dos maiores problemas do grossista de peças? Qual o principal problema que um grossista enfrenta hoje em dia na atividade?
Continuamos a entender que os principais problemas do setor são os mesmos desde há muito tempo. O excesso de economia informal e a cultura “relaxada” que ainda vai subsistindo relativamente aos pagamentos e recebimentos. Não vemos nem as devoluções, nem as entregas, nem nenhum outro tema predominantemente logístico como um problema, são apenas questões que resultam das características do nosso negócio, alguns deles fazem até parte dos fundamentos da nossa existência. Na RedeInnov aceitámos que a logística inversa faz parte do nosso negócio e temos vindo a melhorar cada vez mais a forma como a tratamos. Assim, em vez de termos um “problema”, temos um processo necessário, cada vez mais eficiente e por isso menos pesado em termos de custos.
Quais foram as mais recentes novidades da vossa atividade?
No início deste ano lançámos a segunda versão da nossa WebShop que não é uma melhoria da primeira, mas sim uma WebShop completamente nova, pensada para melhorar a eficiência e a produtividade dos caixeiros dos distribuidores da RedeInnov, e que tem tido uma recetividade excelente. No mês passado, lançámos também uma versão da mesma WebShop dirigida às oficinas, o que lhes permite ter um portal B2B muito intuitivo, fácil e rápido de utilizar. E ainda este ano lançaremos novas ferramentas que permitirão aumentar a eficiência e produtividade dos membros da RedeInnov e das oficinas nossas clientes, acreditando que este é o caminho que já nos continuará a diferenciar no futuro.
Os sites de venda online B2C podem ser uma ameaça para os grossistas?
Se o segmento do consumidor final crescer em Portugal, então pode ser mais um desafio, porque o consumidor final que antes se deslocava à casa de peças, hoje prefere comprar confortavelmente online. Mas acreditamos que o segmento relevante para o nosso negócio e aquele que continuará a crescer é o oficinal, e é neste segmento de mercado que concentramos a nossa atenção e os nossos investimentos.