José Alves Pires, da Atlantic Parts revela a forma como a empresa está a preparar-se para o pós-pandemia e quais as suas expetativas para a recuperação.
Quais são os fatores / indicadores a ter em atenção na recuperação futura do negócio do aftermarket, na perspetiva do grossista de peças?
Sendo a retoma uma “retoma de enfrentar o medo” por parte dos consumidores, assiste-se cada vez mais a restrições no nível das reparações. “Faça só o indispensável e antes de tudo diga-me o orçamento” esta será a frase mais ouvida nos próximos tempos. Assim e consequentemente teremos de ter em conta um outro nível de compras em valor e natureza. Não podemos ter stock de referências com consumo moderado…. as vendas face à “ lenta retoma “não permite exageros de financiamento de stock com média rotação. Temos de diminuir o chamado “empate” de capital no negócio, não só porque o financiamento vai “escassear” externamente, a partir dos bancos, face à crise com reflexo nas contas das empresas, como da consequência de vendas mais baixas e concentrada em peças essenciais e indispensáveis.
Que medidas foram e estão a ser tomadas para se potenciarem as vendas neste momento?
Neste momento, as medidas são de saúde aos colaboradores e garantir e dar confiança aos clientes que podem comprar sem riscos , ou pelo menos os mesmo estão acautelados. Depois retomar devagar o normal, ter a peça, o preço correto e a logística segura e eficaz de entrega.
A digitalização do negócio, através de plataformas B2B (e não só) assume agora uma importância maior na relação com o vosso cliente?
A nossa plataforma B2B tem já 22 anos. Desde inicio da empresa, que os nossos clientes tem acesso ao nosso stocks e podem automaticamente adquirir peças nos nossos armazéns de Sinta e Porto e há 6 anos em Espanha no nosso parceiro da Recatlantic Parts S.L.. Com o desenvolvimento dos sistemas de informação, adotaram-se novos programas de facilitação de identificação de peças e procedimentos de reparação aos clientes. Este sistema terá de ser melhorado e continuaremos como sempre a privilegiar este meio de venda.
Qual a sua opinião sobre o futuro do negócio de peças em Portugal, tendo em conta os efeitos da pandemia? Consideram que se vai assistir nos próximos meses a uma enorme guerra de preços no mercado português?
Sobre guerra de preços direi que se vai assistir a preços que indicam a pura realização de dinheiro sem qualquer ligação custo / beneficio. Infelizmente, nestas alturas de constrangimento não só económico mas financeiro, realizar dinheiro para fazer face aos pagamentos mais prementes acontecerá. Infelizmente!!! Mas que não é a opção não é …. “a vevamos”. Sobre o futuro: será lento e possivelmente com a diminuição dos interlocutores, mas vai durar alguns anos até se entender que se retomou o apogeu de anos anteriores.
Em que ano poderemos atingir os níveis de faturação idênticos aos que o setor demonstrou em 2019?
No meu entender em 2022/23.
Artigo publicado na Revista Pós-Venda n.º 58 de julho de 2020. Consulte aqui a edição.