No Fórum da ACAP / DPAI, realizado hoje, foram apresentados alguns dados sobre o mercado pós-venda e a sua evolução, com referência ao já famoso Observatório do Pós-venda.
A primeira intervenção foi de Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, que falou sobre as dificuldades e transformações que o setor automóvel está a atravessar, com destaque para o “radicalismo” dos objetivos de descarbonização do setor automóvel e a não “existência do principio da neutralidade tecnológica” que tem levado o setor para a mobilidade elétrica.
António Cavaco, responsável pelo departamento de estatística da ACAP, traçou o quadro económico até 2023, referindo-se também ao aumento do custos das matérias primas (Aço, Cobre, Alumínio e Borracha), mercados que estão muito voláteis e que dependem na sua maioria de operadores asiáticos. O elevado preços dos transportes (frete de contentor), que muito tem abalado o setor automóvel em geral, vai registado desde junho passado um forte incremento e que neste momento ainda não se sabe quando irá descer ou pelo menos estabilizar.
Num cenário “radical”, e como hipótese académica, apresentado por António Cavaco, de que a partir 1 de janeiro de 2022 não se venderiam mais carros novos com motor de combustão interna (mantendo o ritmo das vendas e do abate de veículos), chega-se à conclusão que 50% do parque em 2035 ainda será constituído por este tipo de propulsores. Concluiu-se assim que o motor de combustão interna ainda estará no mercado por muitos mais anos.
Maria Neffé, do departamento económico-estatístico da ACAP, referiu que o demasiado envelhecimento do parque automóvel (atualmente é de 13 anos a idade média do parque, contra os 7 anos que tinha no ano 2000), não é bom para o mercado pós-venda, pois os proprietários investem menos no seu carro quando o seu veículo tem já muita idade.
O volume de negócios na área da manutenção e reparação automóvel em Portugal cresceu 4,2% até 2019, enquanto em 2020 decresceu 5,6% (1.845 milhões de euros).
Em jeito de conclusão, António Cavaco, falou sobre os indicadores económicos e financeiros do setor do pós-venda (peças e pneus), dizendo que têm tido uma evolução favorável por causa de uma melhor gestão financeira, mas os indicadores económicos estão a piorar por via dos custos e das margens. Em 2021, deverá ser um ano ainda mais difícil, por causa do aumento do preços e das reduções das margens.