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CEPRA: Reparação de estofos em pele

21 Dezembro, 2016
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Atualmente, os condutores e as suas famílias passam muito tempo no interior do seu veículo automóvel, mais tempo do que muitas vezes se pensa.

Desde a ida para a escola ou trabalho, pequena viagem ao centro comercial ou compras do dia-a-dia no supermercado, estarão sentados no veículo automóvel pelo menos 1 hora por dia. É por isso que é tão importante que os estofos dos bancos dos veículos estejam sempre limpos e em bom estado de conservação.

Os estofos dos bancos podem ser de diferentes tipos de materiais, tais como pele (couro), tecido, napa, vinil e outros. Pequenos danos nos estofos, tais como riscos, furos, cortes e desgastes são sempre indesejáveis, penalizam a estética interior do veículo e reduzem o seu valor comercial.

A substituição do estofo é sempre uma solução onerosa, mas atualmente é possível efetuar uma reparação localizada, sem fazer desmontagens, e com níveis de acabamento elevados. Este artigo foca a reparação localizada de pequenos riscos, cortes e furos em estofos de pele (couro), que quando surgem provocam mau aspeto ao interior do veículo.

ESTOFOS EM PELE

A pele ou couro é muito utilizada como forro de bancos para automóveis. A sua utilização remonta aos primeiros veículos automóveis fabricados. Como a maioria dos primeiros veículos não tinham capota, o couro constituía-se como um material de excelência, que resistia às variações climatéricas.

O couro é pele de animal que sofre uma série de tratamentos (curtume) para entre outros fatores, aumentar a sua resistência ao desgaste e consequente durabilidade.

Os estofos em couro num veículo novo pro- movem uma boa aparência ao veículo, que se prolonga no tempo, caso os estofos sejam bem mantidos. Em bom estado, os estofos em couro aumentam geralmente o valor de revenda de um veículo usado.

Os estofos em couro são normalmente mais confortáveis e mais resistentes a manchas que os estofos em tecido. Também há que considerar o fator higiene, pois os estofos em couro impedem a infiltração de líquidos e alimentos para o interior do banco, e não acumulam tanto pó. Atualmente existem estofos em couro de muitas cores, sendo que, quanto mais claras forem, mais se sujam e mais delicada é a sua limpeza. A melhor maneira de evitar ou minimizar reparações nos estofos de couro, é apostar na prevenção e cuidado na sua utilização. Para manter os estofos em couro em bom esta- do de conservação, deverá ter-se atenção ao seguinte:

> Evitar a exposição direta ao sol e aos raios UV (ultravioletas). Se o veículo tiver que estar estacionado ao sol, proteger o vidro para-brisas, os vidros laterais e o óculo traseiro, com painéis, cortinas ou películas. A exposição direta e por longos períodos de tempo dos estofos à luz solar, provoca danos no couro e na sua cor.

> Evitar colocar objetos afiados e volumosos por cima dos estofos. Não colocar ferramentas, animais ou objetos afiados sobre os bancos. Ter atenção aos objetos colocados nos bolsos, tais como chaves. Os objetos volumosos devem ser colocados na bagageira do veículo.

> Limpar os estofos e manter o couro condicionado regularmente, com produtos adequados. Os estofos em couro têm também algumas desvantagens que devem ser consideradas:

> Podem tornar-se muito quentes no verão e muito frios no inverno.

> Devem ser condicionados regularmente para manterem uma boa aparência.

> Há pessoas que se opõem à utilização de estofos de couro, por não concordarem com a matança de animais para a obtenção de peles. Os tipos de danos nos estofos de couro podem ser de diversos tipos:

> Sujidades e riscos de tinta provocados inadvertidamente, nomeadamente nas brincadeiras das crianças dentro do veículo.

> Desgastes mais ou menos profundos provocados pela utilização do estofo, por exemplo em consequência das constantes entradas e saídas do veículo que provocam desgaste por roçamento, no lado do banco em que se entra e sai.

> Riscos, furos e cortes provocados por objetos cortantes ou afiados, com maior ou menor dimensão e profundidade.
> As indesejáveis queimaduras de cigarro.

 

CONDIÇÕES PARA A REPARAÇÃO

A reparação deverá ser efetuada com o estofo limpo, num local protegido de poeiras, sempre que possível com luz natural.

FERRAMENTAS E MATERIAIS

Existem vários kits de reparação no mercado, que contêm os materiais e ferramentas necessárias para a reparação.

 

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Para a reparação de um estofo em couro, utilizam-se fundamentalmente as seguintes ferramentas e materiais:

 

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AMACIADOR DE COURO

Emulsão aquosa para amaciar, tratar e hidratar couro velho, duro e quebradiço.

COLA DE BASE PARA COURO

Cola flexível para couro, para a reparação de cortes e furos que atravessam toda a espessura.

ACABAMENTO PARA COURO

Emulsão aquosa para acabamento, cuidado, hidratação, proteção e limpeza do couro.

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POLÍMERO DE CURA PELO CALOR

Para preenchimento da zona danificada na reparação de cortes e furos.

PASTA DE ENCHIMENTO

Para preenchimento da zona danificada na reparação de riscos e furos que não atravessem totalmente a espessura do couro

 

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TELA DE TEFLON

Para colocar sobre o couro na fase de aquecimento do polímero de cura por calor, para não queimar o couro.

 

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FERRO DE CALOR ELÉTRICO

Para aquecer o polímero de cura por calor.

 

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ESPÁTULA

Para aplicar pasta de enchimento e estender a tela de colagem entre a espuma e o couro do estofo, e segurar e limpar excessos de pasta de enchimento e de polímero de cura por calor.

OUTRAS FERRAMENTAS E MATERIAIS:

TELA DE COLAGEM

Tela de tecido para reforçar e fazer de base para os materiais que são depositados na zona do dano.

X-ATO

Para remoção de materiais alterados ou soltos.

BLOCO DE ALUMÍNIO

Para arrefecimento rápido do couro aquecido. Agente de limpeza de couro
Para limpeza do couro na zona danificada.

LIXA DE GRÃO FINO

Para lixar a zona reparada após a aplicação da pasta de enchimento.

REPARAÇÃO

O couro é um material natural, que se pode danificar com relativa facilidade. Danos super ciais no couro, de preenchimento de riscos e furos, com maior ou menor profundidade, podem ser reparados por processos simples, razoavelmente rápidos e que não exigem um elevado grau de exigência técnica.

Reparações em grandes buracos ou cortes no couro, já se podem tornar complexas. Este tipo de reparações não é focado no presente artigo.

PREPARAÇÃO

Na reparação de riscos, furos e cortes, deve haver em primeiro lugar uma fase de preparação, começando com uma inspeção visual da zona danificada. Nesta fase, deverão ser cortados ou retirados da zona a reparar quaisquer impurezas ou materiais alterados ou soltos, com o auxílio de uma faca tipo x-ato. Ainda nesta fase de preparação, deverá proceder-se à limpeza da área danificada com um agente de limpeza adequado para couro e em seguida proceder-se à secagem. O couro quando envelhecido, tem tendência a car seco e muito poroso, não podendo ser reparado nesse estado. Por este motivo, deve-se proceder ao amaciamento do couro com um amaciador de couro. Esta operação deverá ser efetuada em 2 ou 3 demãos.

 

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REPARAÇÃO DE RISCOS

Para a reparação de riscos e furos que não atravessem totalmente a espessura do couro, utilizam-se pastas de enchimento, para preencher a zona danificada. Existem pastas com diferentes capacidades de preenchimento, pelo que, a escolha da pasta a utilizar depende da profundidade do dano: superficial, médio ou profundo.

A pasta é um líquido pastoso. Deve ser aplicada sobre a zona a reparar com o auxílio de uma pequena espátula, de forma a preencher completamente o dano no couro.
Após o preenchimento, procede-se ao alisamento da pasta com a espátula e à secagem com uma pistola de ar quente.

Se necessário, deve-se lixar levemente a zona reparada com uma lixa na de grão P1500.
A seguir, procede-se ao processo de pintura e de texturado da zona reparada, de acordo com a cor do couro do estofo. O processo de pintura do couro não é explicado no presente artigo.

Por último, após o processo de pintura, aplica-se sobre toda a zona reparada um creme de acabamento para couro, que dará ao couro um aspeto renovado.

 

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REPARAÇÃO DE CORTES E FUROS

Para a reparação de cortes e furos no couro com alguma dimensão, existem procedimentos que devem ser aplicados.
A parte interior da zona danificada deve ser reforçada com tela. Corta-se um pedaço de tela de colagem com uma dimensão ligeiramente superior ao corte ou furo, e introduz-se a mesma no interior do furo ou corte. Esta tela reforça e faz de base para os materiais que serão depositados de seguida.

Coloca-se cola de base para couro entre a tela de colagem e a parte interior do couro, apenas num dos lados do dano. Antes de colar, pode-se recorrer a uma pequena espátula para estender a tela entre a espuma e o couro do estofo. A seguir deve-se pressionar e deixar secar a cola de base para couro.

Repete-se a operação do outro lado do dano, tendo o cuidado de, no caso de se tratar de um corte, aproximar ou fazer coincidir, sem forçar, ambas as arestas do corte.

De seguida, procede-se à aplicação de uma camada na de um polímero de cura pelo calor, dentro do furo ou corte.
Posteriormente procede-se à secagem aquecendo-se com um pequeno ferro de calor elétrico, próprio para o efeito, durante cerca de 60 segundos, sem esquecer de colocar uma tela de teflon entre eles. Caso não seja usada esta tela de teflon, muito provavelmente o estofo iria queimar. Durante este período deve-se ir inspecionando a evolução da reparação, procedendo-se ao levantamento da tela de teflon e verificando se o polímero se agarra à tela. Considera-se a secagem terminada quando o polímero não se agarrar à tela de te on. Após seco, o polímero apresenta uma textura em grão.

Após o aquecimento com o ferro de calor elétrico, deve-se proceder ao arrefecimento com um bloco de alumínio, e em seguida com cuidado, à remoção da tela de teflon.

A operação de aplicação do ferro de calor elétrico (aquecimento) e do bloco de alumínio (arrefecimento) poderá ser feita quantas vezes forem necessárias até à nivelação do furo ou corte.

A seguir, procede-se ao processo de pintura e de texturado da zona reparada, de acordo com a cor do couro do estofo. O processo de pintura do couro não é explicado no presente artigo. Por último, após o processo de pintura, aplica-se sobre toda a zona reparada um creme de acabamento para couro, que dará ao couro um aspeto renovado.

 

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COURO COÇADO

Com muito tempo de utilização, o couro envelhece e pode começar a perder a sua cor original. Se muito envelhecido, o seu aspeto pode mesmo car semelhante a um vulgar cartão. Quando o couro se encontra nesta situação envelhecida, desprendem-se normalmente ocos que devem primeiro ser cortados. Em seguida, deve-se proceder ao amaciamento com um amaciador de couro. Esta operação deverá ser efetuada em 2 ou 3 demãos. Após o amaciamento, o couro deverá ser limpo com um agente de limpeza adequado para couro, secando-se depois.

Proceder entretanto, à selagem da zona danificada com uma camada muito na de cola de base para couro.
A seguir, procede-se ao processo de pintura e de texturado da zona reparada, de acordo com a cor do couro do estofo. O processo de pintura do couro não é explicado no presente artigo. Por último, após o processo de pintura, aplica-se sobre toda a zona reparada um creme de acabamento para couro, que dará ao couro um aspeto renovado.

 

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