À PÓS-VENDA, Flávio Menino, da Autozitânia, analisa o impacto da epidemia no negócio da empresa, assim como a estratégia da Autozitânia a curto prazo.
Quais são os fatores / indicadores a ter em atenção na recuperação futura do negócio do aftermarket, na perspetiva do grossista de peças?
Consideramos que é fundamental ter especial atenção à otimização de recursos existentes, nomeadamente do controlo e adaptação da estrutura de custos à realidade vigente. Outro fator decisivo é a flexibilidade, que além de ser essencial para a recuperação, também poderá ser uma forma de proporcionar uma excelente oportunidade para as empresas do setor aftermarket desenvolverem o seu negócio no futuro. Na perspetiva dos importadores, tendo em conta que o material vem do estrangeiro, é fundamental uma gestão ainda mais criteriosa dos seus stocks e o fortalecimento da cadeia de abastecimento internacional, para que não seja interrompida de forma abrupta. Apesar de estarmos focados na recuperação, é fundamental compreender e aprender com o que aconteceu, e estarmos preparados caso esta situação global se volte a verificar. Assim, é essencial que exista preparação das empresas do setor, com a elaboração de planos de mitigação de riscos para situações semelhantes que se possam voltar a verificar.
Que medidas foram e estão a ser tomadas para se potenciarem as vendas neste momento?
Este evento imprevisível e global, para a Autozitânia ocorreu durante o processo de entrada e integração na AD Parts. Contudo, também constituiu uma oportunidade para nós, pois permitiu nos tomar medidas já com base neste novo panorama. Assim, disponibilizámos aos nossos clientes uma oferta diferenciada e exclusiva, com a inclusão de várias gamas de produtos AD, como lubrificantes, produto químicos e baterias. Além da oferta de uma marca exclusiva com os produtos AD, e com campanha de lançamento dos novos produtos no nosso portfólio, a entrada na AD Parts permite-nos disponibilizar aos nossos parceiros, um conjunto de serviços adicionais para ajudar os nossos parceiros na sua atividade e que são um fator de diferenciação, ainda para mais nesta fase adversa. Também nesta fase, a Autozitânia e a AD Parts lançaram a nível ibérico uma Campanha de Comunicação designada “Termine o confinamento do seu automóvel”, para incentivar as visitas às oficinas de forma segura, ajudando os nossos Parceiros e as suas oficinas a demonstrar aos seus clientes os procedimentos de segurança que são cumpridos.
A digitalização do negócio, através de plataformas B2B (e não só) assume agora uma importância maior na relação com o vosso cliente?
Para a Autozitânia, a digitalização do negócio já tinha enorme importância na relação com os seus clientes. Seja através da nossa plataforma B2B, seja através de todo o nosso Plano de Comunicação Digital, o canal digital é fundamental para nós, para os nossos clientes e essencial para a relação que mantemos. E por isso, este facto também foi uma vantagem para nós e para os nossos clientes nesta fase, pois o nosso modelo já estava adaptado ao negócio digital.
Qual a sua opinião sobre o futuro do negócio de peças em Portugal, tendo em conta os efeitos da pandemia? Consideram que se vai assistir nos próximos meses a uma enorme guerra de preços no mercado português?
Consideramos que o negócio de peças em Portugal vai continuar a seguir a sua tendência de concentração de negócio nos maiores players, provavelmente agora de uma forma ainda mais acelerada em virtude deste novo contexto. Esta tendência aliada às exigências do mercado, que vão ser ainda maiores, faz-nos considerar que a capacidade de adaptação das empresas relativamente à evolução do mercado será essencial.
Em que ano poderemos atingir os níveis de faturação idênticos aos que o setor demonstrou em 2019?
Prevemos que a retoma do setor aftermarket para os níveis de faturação de 2019, será feita a médio prazo. O impacto do período de confinamento será muito difícil de recuperar rapidamente e antecipamos um decréscimo global de faturação este ano, como seria expectável. Contudo, na Autozitânia apesar destas contrariedades e com a adaptação a este novo contexto, com a retoma do nível de movimento neste momento e seguindo-se os meses de verão, temos uma perspetiva otimista e a expetativa de que no final deste ano ou início do próximo, consigamos estar ao nível de valores do período homólogo de 2019.
Artigo publicado na Revista Pós-Venda n.º 58 de julho de 2020. Consulte aqui a edição.