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Excesso de “software” penaliza o setor dos transportes

29 Dezembro, 2016

Segundo a Continental o software é o novo motor do sector, mas no caso da logística, que envolve o setor dos pesados, a engrenagem ainda não funciona completamente bem devido ao excesso de oferta de sistemas.

Segundo o “Estudo de Mobilidade da Continental”, a abundância de diferentes padrões, interfaces e sistemas está a criar uma lacuna em termos de transparência e uma tensão excessiva no mercado. Assim, mais de metade dos responsáveis por logísticos inquiridos neste estudo receia que o sector possa ser deixado para trás à medida que a digitalização avança. Um quinto dos inquiridos não vê na digitalização uma oportunidade para o sector. Assim, 9% dos responsáveis de logísticas dizem mesmo que não conseguem pensar em algo relacionado com a digitalização que esteja já a acontecer.

“Soluções demasiado caras, grandes, muito lentas, demasiado dependentes de centros de dados, não compatíveis com telemóveis, não otimizadas para o utilizador e isoladas”. Este é um resumo das críticas feitas aos serviços oferecidos. “Para nós, isto significa que temos de fazer os nossos próprios ajustes e encontrar uma solução de software par cada cliente. A tentativa de estandardizar uma grande variedade de software de gestão de transportes falhou redondamente”, diz um perito. Acredita-se que os fornecedores devem oferecer soluções padronizadas e com compatibilidade uniforme, independentemente do fabricante. “Esperamos neutralidade e aplicabilidade universal, o que significa ser aberto também a outros fabricantes”, diz o estudo, que acrescenta: “Valorizamos a independência. O que desejamos são fornecedores neutros, que se centrem na logística e em situações da vida real”.

Atualmente, apenas 25% dos inquiridos pensam em adquirir soluções de software para gestão de frotas. No topo das necessidades (66% para cada um) estão tecnologias economizadoras de combustíveis e sistemas avançados de apoio à condução. No entanto, a localização de encomendas ou o software para gestão logística estão também classificados como importantes. A sua importância tende a ser maior na China do que na Alemanha. Menos de metade das empresas não usa qualquer tipo de software, sobretudo nos casos de empresas mais pequenas. “A gestão de frotas ainda não está a ser utilizada. No entanto, é bastante importante para as frotas mistas de veículos comprados ou alugados em sistema de leasing, bem como para quem faz subcontratação”, comenta um gestor de frotas.

As aplicações de software que envolvem diretamente os condutores beneficiam de uma aceitação significativamente mais elevada. 61% dos peritos de logística inquiridos encaram o software para desempenho na estrada como bastante importante, mas este valor sobe para 66% quando se trata de software utilizado por condutores e para 85% para software para dar mais conforto e comodidade ao condutor. No entanto, cerca de um terço das empresas não usam estas aplicações. Quando estas aplicações são usadas, os utilizadores dizem ficar bastante satisfeitos.

“É importante para nós monitorizar o consumo de um veículo. Estamos preocupados não em vigiar os condutores, mas com o rastreamento da situação de condução”, comenta um dos peritos inquiridos no estudo. “Soluções mais intuitivas, gráficos ou sinais que mostrem como posso conduzir de uma forma mais eficaz e que, simultaneamente, incentivem o condutor a fazê-lo também”, pede outro inquirido.

O perito mostra interesse em aplicações que melhorem o fluxo de dados entre o camião, o reboque e as plataformas. “São necessárias melhorias drásticas e melhores soluções; caso contrário, o progresso sairá frustrado. Por exemplo, a forma como a informação em tempo real é processada é fraca e demasiado lenta. Os fabricantes conservam dados importantes do veículo em telemática externa; isto significa que as análises são adequadas apenas para os seus veículos e não funcionam de forma satisfatória para outras marcas ou em interação com essas marcas”, diz o estudo.

Os responsáveis de logística encaram a interligação inteligente de todas as etapas do processo como uma tarefa particularmente importante. “As etapas individuais do processo estão a ser otimizadas. A última fase está já muito bem interligada. No entanto, a eficiência, e particularmente as vantagens para os consumidores finais, ainda precisam de ser reforçadas”.

É dada especial atenção à segurança dos dados do cliente e das empresas, bem como aos dos veículos e dos próprios produtos transportados. “Transportamos uma grande quantidade de artigos valiosos. Precisamos de garantir a segurança a todos os níveis”, revela o estudo. Os fabricantes de veículos comerciais estão bem conscientes deste facto. “Atualmente, a comunicação é uma espécie de rua de sentido único para o camião. No futuro, o transporte de dados no camião será melhorado e nessa altura a segurança do software será extremamente importante. Se, por exemplo, no futuro um veículo puder ser desligado externamente, não deverá ser possível que esse processo acarrete riscos”, comenta um perito de um fabricante citado no estudo.

Com o “Estudo de Mobilidade 2016 – O Camião Conectado,” a empresa tecnológica Continental apresenta o seu quarto estudo de mobilidade. O infas (instituto de pesquisa social e de mercado inquiriu peritos em logística, transportadores, operadores de frotas e condutores de longo curso na Alemanha e na China. O foco deste estudo foram os desafios enfrentados pelo sector logístico em consequência da crescente implementação da tecnologia digital e conectividade.

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