O XI Congresso SPG Oficinas, realizado no Convention Center de PortAventura, reuniu mais de 500 profissionais, incluindo oficinas associadas, distribuidores do Grupo Serca, fornecedores e meios de comunicação especializados.
O evento consolidou-se como uma plataforma estratégica para partilhar avanços tecnológicos, novas ferramentas de gestão, dados de mercado e visões para o futuro do setor de pós-venda automóvel.
A jornada, que combinou sessões de trabalho, conferências plenárias e atividades de lazer, foi inaugurada por Agustín García, presidente do Grupo Serca. García destacou que a rede SPG conta atualmente com 315 oficinas ativas e mais de 1.000 profissionais vinculados, referindo que “a SPG passou de ser uma rede com imagem a converter-se num ecossistema profissional com soluções integrais para a oficina independente”.
Durante o congresso, foram apresentados dados chave do setor, como o envelhecimento do parque automóvel em Espanha (14,5 anos de média), o crescimento de veículos eletrificados (12% em Espanha vs. 55% na China), a falta de renovação geracional e a diferença de formação entre concessionários e oficinas independentes. Foi realçado que apenas 34% das oficinas fazem parte de uma rede organizada. A necessidade de evoluir para um modelo preditivo, conectado e sustentável foi um tema recorrente, com Marc Blanco (ServiceNext) a delinear um roteiro para a oficina do futuro, antecipando tecnologias como realidade aumentada, robótica colaborativa e oficinas automatizadas.
A digitalização e a gestão de frotas foram abordadas como eixos estratégicos. Javier García, responsável pela área de Frotas na Serca, salientou as oportunidades que este canal oferece às oficinas, garantindo volume de trabalho, contratos estáveis e visibilidade. Carlos Palancar e Joan Duran apresentaram as renovadas intranet e web pública, concebidas para fortalecer a visibilidade online, facilitar a gestão e atrair novas oficinas e clientes. David Roca introduziu ainda o Next Go, uma plataforma de gestão integral já utilizada por mais de 800 oficinas, que registou aumentos de 25% na eficiência e 30% na fidelização em apenas três meses.
No campo da formação e assistência técnica, a equipa da ServiceNext apresentou novas funcionalidades de diagnóstico remoto e realidade aumentada, bem como o assistente virtual Txen, que responde em menos de um minuto e se integra no histórico técnico da oficina. Rosendo Pous (Autel) detalhou inovações em diagnóstico, enquanto José Luis Soriano destacou a aposta na formação contínua, incluindo a realidade virtual como ferramenta educativa, com novas temáticas previstas para 2026.
Carlos Palancar, responsável da Rede de Oficinas SPG, apresentou Rubén García como o novo coordenador da rede e abordou os principais desafios do setor. Enfatizou a necessidade de maior rentabilidade para as oficinas independentes, especialmente em trabalhos de seguradoras e empresas de renting, defendendo preços justos para reparações e manutenções. Também destacou a escassez de pessoal, com mais de metade das oficinas a considerar necessário aumentar os seus quadros, e anunciou um acordo com a empresa Marlex para facilitar a procura de pessoal através da intranet. Palancar denunciou a concorrência desleal de oficinas ilegais, o declínio na procura de serviços tradicionais devido à descarbonização e eletrificação do parque automóvel, e as dificuldades de acesso a formação técnica especializada e equipamento atualizado. A transformação digital, a fidelização de clientes e a adaptação a normativas como a fatura eletrónica foram outros pontos destacados, bem como a sobrecarga administrativa que afeta as oficinas mais pequenas.
Joan Miquel Malagelada, membro do Conselho de Direção da EBRO, ofereceu uma perspetiva global do setor, focando-se na expansão da indústria chinesa, que fabrica 42% dos veículos mundiais e lidera a inovação. Malagelada salientou que 60% dos veículos chineses vendidos na Europa são comercializados em Espanha, Reino Unido e Itália, classificando Espanha como um “mercado piloto para a China”.
O congresso encerrou com a intervenção de Lluís Tarrés, CEO do Grupo Serca, que apelou aos valores da rede SPG: Transparência, Profissionalismo e Qualidade. Tarrés destacou o esforço do grupo para oferecer serviços que aumentem a eficiência e reduzam custos nas oficinas. Revelou que nos últimos seis anos a rede cresceu 61,34% e que o objetivo é manter esse ritmo, enfatizando que o crescimento depende do uso das ferramentas e da dedicação das oficinas.
Tarrés apresentou uma análise do mercado atual e futuro, indicando que em 2024 um milhão de veículos foram matriculados em Espanha, metade dos quais de novas tecnologias, incluindo 360.000 híbridos plug-in. Embora o parque automóvel ainda inclua muitos veículos antigos, esta situação não será permanente. Previu uma transformação gradual, com o desaparecimento de veículos com mais de 20 anos, e alertou que o volume de trabalho tradicional diminuirá, exigindo que as oficinas estejam preparadas para reparar veículos com novas tecnologias. Insistiu na diversificação das oficinas, na entrada em novas formas de mobilidade como as duas rodas, na especialização em tecnologias emergentes (ADAS) e na aposta na formação contínua. Sublinhou também a importância da digitalização para o modelo de manutenção preditiva e o compromisso com a sustentabilidade.