No entender de Fátima Barbosa, sócia-gerente da Turbopeças, está a ser muito difícil a adaptação ao contexto gerado pela inflação, neste caso ao nível do negócio das peças automóvel.

Que efeito está a ter neste momento a inflação no negócio de peças auto?
O efeito é bastante negativo, sendo extremamente difícil a adaptação à disrupção que aconteceu no nosso setor, não só pelo constante aumento dos preços, mas também pela escassez de stock nos nossos fornecedores.
O aumento do preço dos combustíveis e a indisponibilidade de stock, que também gera um efeito inflacionista, aumenta de forma considerável o preço final dos produtos, conduzindo a um contínuo e desafiante esforço da nossa parte de tentarmos não passar este efeito diretamente no preço de venda aos clientes, algo que afeta bastante a viabilidade do negócio.

A médio prazo qual poderá ser o impacto da taxa de inflação muito alto no mercado?
Quando tivermos que repercutir parte ou a totalidade do aumento dos preços nos clientes finais, como a inflação é comum a todos os mercados e setores de atividade, julgo que o cliente final terá que estabelecer prioridades, visto que o custo de vida está a ficar cada vez mais elevado.
Se o cliente final não tiver capacidade económica para acarretar os custos da manutenção dos seus veículos, terá que deixar de circular nos mesmos e encontrar alternativas de mobilidade.
Automaticamente, iremos assistir a uma baixa nas vendas. No entanto, apesar de a procura poder baixar, julgo que não se assistirá a uma baixa de preços na oferta, devido à escassez de matérias­‑primas.

Que medidas está a dinamizar para combater esta subida inflacionada nos preços das peças?
Uma das medidas poderia passar pelo aumento do nosso stock, visto que nalgumas linhas de produtos, só no primeiro semestre deste ano, já assistimos a seis variações de preço, no entanto, como o mercado tem escassez de material, não podemos fazer stock.
Por isso, temos reorganizado o nosso serviço ao nível da distribuição, de forma a contermos os custos relacionados com o transporte, para evitarmos o inflacionamento do preço final.