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Tendências há muitas no mercado de usados

24 Maio, 2024

A ANECRA realizou em Coimbra o Encontro Nacional do Comércio de Automóveis Usados, sob o tema: “Sector Automóvel – Rumo a um Futuro Sustentável”. Uma das tendências é que existe um regresso à normalidade e que as vendas puramente online são uma pequena fracção.

No início dos trabalhos, Roberto Gaspar, Secretário Geral da ANECRA, começou por referir a aposta da associação na sustentabilidade, mas alertou que a mesma só será efetiva se atender a três áreas fundamentais dessa mesma sustentabilidade que são o ambiente, a económica e a social.

Com o tema “As Grandes Tendências do Retalho Automóvel em Portugal”, Daniel Rocha, Strategy & Analystic Manager do Standvirtual, deixou uma série de dados muito interessantes sobre o mercado de usados, dos quais resultam quatro grandes tendências:
1ª – As vendas puramente online continuam a ser uma pequena fracção. Por isso, está a dar-se o regresso à normalidade, isto é, as pessoas pesquisam online e terminam o negócio localmente;
2ª Grande crescimento das vendas B2B ao nível dos veículos novos;
3ª Descida dos preços dos veículos usados (queda do preço a retalho);
4ª Maior depreciação dos Bev´s (veículos elétricos).

O momento seguinte teve como tema “Um Sector em Profunda Transformação”. Este painel, começou com uma apresentação de Duarte Gomes Pereira, Secretário Geral da ASFAC, que disse que o crédito ao consumo e o crédito automóvel aumentou em 2023, face a 2022. Porém, a ligeira retração no primeiro trimestre de 2024 deve-se, ao “maior cuidado na concessão de crédito”. O mesmo responsável disse ainda que “a taxa de incumprimento ao consumo, nunca esteve tão baixa como agora nos últimos 20 anos. Isso deve-se, entre outras razões, ao maior cuidado que a entidades de crédito estão a ter em conceder o mesmo”.

Pedro Nuno Ferreira, Head of Automotive Business do CETELEM BNP Paribas, abordou as tendências atuais no crédito, referindo que têm aumentado as taxas de juro nos créditos, têm reduzido as comissões de financiamento, existe uma pressão enorme dos bancos e tem aumentado o risco de crédito. Sobre as expetativas futuras, Pedro Nuno Ferreira diz que dependem muito de todo o entorno mundial e que por isso oe melhor é não fazer previsões do que vai acontecer.

Henrique Henriques, Director Comercial Automóvel, Banco Credibom, disse que podem existir boas expetativas no crédito, com um alívio esperado das taxas de juro, mas que importante foi manter as parcerias com todos os parceiros (stand de usados) numa perspetiva de futuro. “Apesar da digitalização acreditamos muito no fator humano. Temos apostado muito no serviço e na jornada de relacionamento com o cliente”, afirmou Henrique Henriques.

Para Nuno Zigue, CEO do Santander Consumer Finance, entende que o conceito de mobilidade deve ser olhado com algum cuidado, pois o mercado não entrou na mobilidade com a rapidez com que se dizia no início da década. Sobre a digitalização do crédito, Nuno Zigue, diz que isso é um processo crítico, mas que a jornada do cliente deve ser híbrida.

José Carreira, North Commercial Coordinator, Cofidis Portugal falou da parceria com o Standvirtual, o que permitiu perceber bem a formação e distribuição dos produtos desta empresa de crédito junto do mercado de usados através da plataforma de venda de usados, como perceber o mercado automóvel.

No entender de Henrique Henriques, Director Comercial Automóvel, Banco Credibom, existe “uma tendência de alteração da mobilidade na Europa, da posse para a utilização, o que não se regista tanto em Portugal”.

Pedro Nuno Ferreira, comentou ainda que “somos o país, juntamente com a Bélgica e Reino Unido, em que este ecossistema do mercado auto ligado ao negócio de usados, está mais sofisticada e estruturado”.

No segundo painel, dedicado ao tema “Os Desafios Imediatos do Comércio dos Automóveis Usados”, Nuno Castel-Branco, CEO do Stanvirtual, começou por falar das tendências do mercado, dizendo que em 2024 o mercado de novos ainda não deve chegar aos valores de vendas de 2019 (pré-pandemia), que a quebra nos importados usados só decresceu 10% dos primeiros quatro meses do ano de 2024 (existe mais rent-a-car e mais carros das frotas a chegar ao mercado de usados).

Para Américo Barroso, Director da ANECRA e Administrador da SÓ Barroso, falou da importância que a descida das taxas de juro pode vir a ter no setor dos usados ao nível da dinamização do mesmo, mas neste momento isso ainda não se verifica e por isso tem havido algumas dificuldades nas vendas.

Nuno Braga, Administrador da Caetano Auto, revelou que a empresa está em contraciclo no mercado ao nível das vendas de usados, com crescimento enormes, ao que este responsável atribuiu aos anos que a empresa está no mercado e aos dados do negócio que lhe permitem uma maior especialização.

No entender de Alexandra Santos, Marketing Manager da AM Confraria, revelou que tem havido cada vez mais procura de usados até aos 10.000 euros (apesar do grosso das vendas ser entre os 10.000 e os 20.000 euros, que é a oferta da empresa), o que revela algumas dificuldades do cliente que procura veículos com mais idade e mais baratos.

Manuel Coutinho, Vice-Presidente da ANECRA e CEO Grupo Motopor, diz poderá vir aí um excesso de carros usados no mercado em setembro / outubro, tendo em conta o ajustamento que as grandes rent-a-car vão fazer nesse período do ano, como aconteceu sempre no período pré-pandemia. Este responsável da ANECRA, falou também das dificuldades que existem no recrutamento de recursos humanos para o setor dos usados, mas também para as áreas do pós-venda.

Quanto a Nuno Carvalho, CFO da Brincar Automóveis, falou da venda de veículos elétricos, atualmente estarem assentes nos benefícios fiscais, pelo que este mercado ainda não se sabe o que poderá valer no mercado de usados quando acabarem os benefícios fiscais.

À parte dos painéis, Sofia Cruz, Directora Geral na empresa Gras Savoye NSA, falou da venda de garantias auto para o setor dos usados. Disse que “o preço médio de uma reparação de um veículo elétrico usado é o dobro de uma viatura a combustão”, resultando esta informação da análise das garantias auto, mesmo que as garantias a usados representam apenas 5%. A responsável da NSA, disse ainda que “o crescimento de compra de garantias para o mercado de usados cresceu muito nos primeiros quatro meses de 2024”.

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