A Transneiva é uma empresa de transportes de mercadoria que tem a sua frota a operar no plano internacional. Por isso, a gestão interna da manutenção e reparação assume uma importância decisiva na operação.
No vídeo institucional, disponível no site da Transneiva (www.transneiva.com), a empresa refere como principal argumento para os seus clientes o serviço próprio de assistência à frota 24 horas. Quer isto dizer que para a empresa de Neiva (Viana do Castelo), o facto de internalizar o processo de reparação e manutenção é muito importante para garantir “elevados níveis de serviço”. Atualmente a empresa tem em circulação 130 camiões fazendo regularmente o serviço internacional, o que demonstra a exigência a que são sujeitos, atendendo até que cada veículo faz em média 150.000 quilómetros por ano, estando em média 8 anos em frota. Maioritariamente a frota é constituída por veículos da marca Scania (cerca de 90%), uma marca que sempre esteve presente na historia da Transneiva. Possui ainda algumas viaturas Renault e MAN.
Outro dado interessante é que a maioria da frota é de aquisição direta, uma estratégia que tem sido seguida pela empresa, precisamente pelo facto de ter a sua própria oficina de manutenção e reparação. Patrício Barreiro, responsável por esta área da manutenção na Transneiva, refere precisamente que “seguimos com esta estratégia de ter oficinas próprias por razões que têm a ver com os tempos de imobilização das viaturas, até porque as oficinas da marca não estão propriamente perto das nossas instalações. Outra vantagem é que podemos fazer manutenção assim que as viaturas estejam de regresso, aproveitando a sexta-feira e os sábados, altura em que as mesmas estão estacionadas nas nossas instalações”.
Mesmo no período em que os veículos estão em garantia (normalmente os dois a
três primeiros anos), nem sempre existe a opção de ir às oficinas de marca. “Grosso
modo optamos quase sempre por fazer a manutenção interna dos veículos. Em
casos muito pontuais e específicos, recorremos à marca”, explica Patrício Barreiro, dizendo que “pelo histórico que temos na marca Scania é uma marca que conhecemos muitíssimo bem e da qual temos um conhecimento técnico muito grande”.
A gestão da manutenção e o histórico associado é feito num software interno (que tanto analisa a parte do tráfego como da oficina) e que permite à empresa ter um acompanhamento efetivo das viaturas do ponto de vista oficinal. “Como conhecemos bem os carros e sabemos quais são os pontos mais melindrosos dos mesmos, essa informação está sempre disponível internamente e permite-nos intervir de forma antecipada nos outros veículos evitando sempre que problemas semelhantes venham a suceder”, afirma Patrício Barreiro. Porém, os veículos que fazem apenas serviço ibérico, merecem por parte da Transneiva uma atenção diferenciada, por estarem sujeitas a um desgaste que não é uniforme, enquanto a restantes viaturas do internacional tem semelhante tratamento.
O facto de a Transneiva ter uma frota muito homogénea ajuda bastante na gestão da oficina e na gestão das peças. Para fazer face ás necessidades imediatas, a empresa dispõe de uma grande quantidade de stock das referências de maior rotação. “Usamos as peças originais em todo o ciclo de vida do veículo para algumas situações, mas noutras situações usamos peças aftermarket de qualidade que estejam no primeiro equipamento, mesmo nos veículos que estão em garantia”, explica Patrício Barreiro, afirmando que “a qualidade da peça é importante nesta gestão, assim como o preço obviamente, mas para nós é muito importante histórico da peça na nossa frota. Essa é uma avaliação que fazemos constantemente para garantir que utilizamos sempre as peças que nos dão maior confiança”.
Atendendo que praticamente toda a frota é de veículos Euro VI, de maior exigência tecnológica, o consumo de peças eletrónicas é cada vez maior. Para assistir toda a frota da Transneiva a empresa dispõe de uma equipa de mecânicos especializados, que utilizam modernos meios técnicos (máquina de diagnóstico, por exemplo), recorrendo à formação que muitas vezes é proporcionada por diversos fornecedores, como existe alguma abertura da marca (neste caso da Scania) sempre que existe uma necessidade do ponto de vista técnico.
Diga-se ainda que para além da manutenção mais tradicional, na Transneiva são feitos também serviço técnicos de reparação de motores e caixas de velocidades. Ao nível dos semirreboques a gestão técnica é totalmente efetuada internamente pela Transneiva nas mesmas oficinas. Porém, sendo que uma parte substancial da frota de semirreboques tem unidades de frio de transporte, a empresa de Neiva, possui parceiros técnicos específicos, que são os representantes oficiais das marcas de unidades de frio. “Temos competência técnica para fazer a manutenção dessas unidades de frio, porém, por questões de certificação, de garantia e de assistência no estrangeiro, optamos por trabalhar com os representantes oficiais”, confirma Patrício Barreiro. Gerida internamente é também a questão dos pneus. Nas instalações da Transneiva são feitas todas as operações de mudança de pneus, calibragem, pressões, etc, existindo uma política de prolongar
a vida dos pneus, com recurso também a pneus recauchutados em carcaça própria. “O custo por quilómetro fica mais baixo com toda esta gestão do ciclo de vida”, reconhece o responsável. A empresa trabalha preferencialmente com pneus Dunlop, marca que fornece também algum apoio técnico ao nível da gestão dos pneus. Para potenciar e otimizar a utilização das viaturas, a Transneiva dispões nos seus quadros um formador na área da regulamentação da condução, sendo esta uma forma não só de reduzir consumos, mas também minimizar os custos da manutenção por via de uma condução mais eficiente.
Artigo publicado na Revista Pós-Venda n.º 39 de abril/maio de 2022. Consulte aqui a edição.