As plataformas da Pós-Venda assinalam este ano o seu 10.º aniversário. Para marcar a data, reunimos testemunhos de vários profissionais do aftermarket, entre eles José Pedro, da Car Academy, que partilha a sua perspetiva sobre a evolução do mercado e os principais desafios do pós-venda automóvel.
O que está a suceder no setor da formação oficinal atualmente, era o que previa há 10 anos que estivesse a acontecer agora?
Há dez anos já se percebia que a evolução tecnológica dos veículos iria obrigar as oficinas a investir de forma contínua em formação. O que talvez não se antecipasse com a mesma intensidade foi a velocidade com que essa necessidade cresceu, sobretudo com a eletrificação e a complexidade dos sistemas eletrónicos. Hoje, a formação não é apenas desejável – é vital para a sobrevivência das oficinas.
O que mudou na formação oficinal nos últimos 10 anos?
A evolução tecnológica dos veículos: híbridos, elétricos, ADAS e eletrónica avançada trouxeram novos conteúdos que há dez anos nem faziam parte da agenda formativa.
Digitalização do ensino: a pandemia acelerou o e-learning, que deixou de ser exceção para se tornar numa parte complementar da estratégia de atualização de técnicos.
Integração de ferramentas digitais: bases de conhecimento técnico e suportes remotos mostram que a formação deixou de ser apenas em sala, passando a estar disponível também no dia-a-dia da oficina.
Qual é o ponto da situação atual da formação oficinal em Portugal?
As oficinas independentes estão a ser desafiadas a acompanhar a velocidade da evolução tecnológica, sob pena de perderem competitividade. Há uma procura crescente por formações altamente especializadas (eletrificação, diagnósticos avançados), mas também por competências de gestão oficinal, algo que antes era muitas vezes desvalorizado.
Existe um défice estrutural de técnicos qualificados, o que obriga as empresas a apostar na valorização e retenção das suas equipas através da formação.
O que mais poderá ter impacto na formação oficinal durante os próximos 10 anos?
Eletrificação total do parque automóvel: híbridos plug-in, EV’s e novas tecnologias de baterias vão redefinir a formação.
Conectividade e software automóvel: a capacidade de atualizar, programar e diagnosticar remotamente vai obrigar a novas competências.
Inteligência Artificial e Big Data: tanto na reparação como no ensino, estas tecnologias vão mudar o acesso à informação técnica.
Novas regulamentações europeias (emissões, acesso a dados de fabricante, segurança cibernética) vão exigir formação específica.
Falta de mão-de-obra jovem: vai forçar o setor a criar percursos formativos mais atrativos, rápidos e tecnológicos para captar talento.
Sustentabilidade e novas energias (hidrogénio, mobilidade partilhada): vão abrir nichos de formação ainda inexistentes.
Como acha que a formação oficinal estará daqui a 10 anos?
Daqui a 10 anos, a formação será ainda mais integrada no dia-a-dia da oficina: o técnico terá acesso imediato a bases de conhecimento inteligentes, integradas com a reparação em tempo real.
Os programas presenciais vão continuar, mas serão cada vez mais complementados por formação on-demand, microlearning e suporte digital imediato.
A IA terá um papel central – assistentes virtuais técnicos vão evoluir para modelos altamente personalizados, ajudando a resolver avarias específicas em segundos.
As oficinas vão procurar certificação contínua das suas equipas, como garantia de qualidade perante clientes e parceiros.
A formação não será apenas técnica: a gestão de oficina e a digitalização vão ser competências críticas.










