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Martin Wulf, Axalta: “Desenvolver uma cor OEM é algo muito complexo”

5 Fevereiro, 2019

Através das ferramentas de Gestão da Cor Digital, a Axalta trabalha em conjunto com os fabricantes de automóveis para disponibilizar rapidamente as novas fórmulas de cor para os seus clientes.

Em entrevista à PÓS-VENDA, Martin Wulf, Axalta Colour and Technical Manager, Refinish Systems para a Europa, Médio Oriente e África, revela as tendências de cor atuais e futuras do mercado, assim como os próximos desenvolvimentos tecnológicos da Axalta na gestão digital da cor.

Quais são, atualmente, as tendências de cor no setor automóvel?

No lado OEM, o Axalta 65th annual Global Automotive Color Popularity Report mostra o branco como líder mundial em 2017, seguido pelo preto, cinzento e prata. O cinzento confere uma aparência sofisticada e é uma alternativa moderna aos tons acromáticos, como o branco e o prata, e é procurado pelos clientes que gostam de cores neutras, sendo possível adicionar nuances de tons, para dar mais vida à cor.

A tendência de cores acromáticas, como o branco e o preto, irá continuar?

Acreditamos que irá continuar, mas na Europa haverá algumas novas tendências, que alteram estes tons neutros. As cores claras e brilhantes continuam a ganhar força, à medida que os tons de cinzento claro e azul claro e médio têm sido mais procurados. Irão surgir novos efeitos: efeitos brilhantes, como partículas de vidro e pigmentos Xirallic, principalmente nas cores escuras para o segmento de luxo. E uma tendência crescente de cores altamente cromáticas, como vermelho e azul, particularmente em tons claros, assim como em brancos de alta tecnologia, como o StarLite, a cor do ano 2018 da Axalta, um branco de alta tecnologia, claro e reflexivo, que utiliza o processo de revestimento triplo, formulado com partículas de pérolas sintéticas. Um dos aspetos mais importantes é o separar das tendências que têm menor importância das que são mais relevantes. Também é preciso identificar as tendências de cor certas para utilização na produção em série. É essencial encontrar o equilíbrio certo entre cor e forma. A cor deve ser vista como um conceito geral, incorporando tom, coloração variável, efeito e textura. Cores com coloração variável podem perturbar a estética geral de um automóvel ou parecer defeituosas, no caso de formas angulares. E é importante ter um conhecimento profundo das características da tinta – incluindo a composição do pigmento, tecnologia e especificações da série, e trabalhar em estreita colaboração com químicos e especialistas em tintas OEM.

Que recursos utiliza a Axalta para estudar as tendências de cor?

As tendências de cor são o resultado de uma análise conjunta de indicadores: os resultados da análise das tendências atuais noutras áreas, que podem ser transferidas para a indústria automóvel; a análise de estatísticas cronológicas das cores, tais como o Axalta Global Color Report; a análise das diferenças culturais e preferências próprias de cada país; a criação de um perfil específico do cliente; a análise de características do modelo, ou seja, que formas e linhas podem ser acentuadas com efeitos e cores; e a análise e aplicação do pigmento: que efeitos funcionam em que cores; trabalho em estreita colaboração com o cliente.

Desde o início do estudo da cor até à sua aplicação, quanto tempo é investido em investigação e desenvolvimento?

Pelo facto de ser um processo tão complexo, normalmente demora cerca de três ou quatro anos, incluindo as várias fases de desenvolvimento e testes.

AxaltaEsses estudos são sempre desenvolvidos em parceria com as marcas de automóveis?

Cada fabricante tem o seu próprio departamento de cor e acabamentos, onde é escolhida a cor OEM. O nosso papel é aconselhar os fabricantes sobre design e tecnologia durante o processo. Desenvolver uma cor OEM é algo muito complexo e requer um longo tempo de execução, e por isso estamos sempre em contacto com os departamentos de design dos OEMs. Procuramos oferecer uma gama de cores para responder às exigências do design, que sejam tecnicamente viáveis para produção.

O estudo das tendências de cor tem em conta a evolução tecnológica da aplicação das tintas?

A Axalta é uma empresa focada exclusivamente em revestimentos, com grande responsabilidade na área de OEM para veículos ligeiros, comerciais e repintura. Portanto, há, claro, benefícios em trabalhar em plataformas matriciais. Numa etapa inicial, as diferentes áreas de negócio trabalham juntas e trocam informações para garantir a melhor experiência para os nossos clientes.

Quantas cores a Axalta disponibiliza ao setor automóvel?

Para cada cor que está em circulação, temos de oferecer uma fórmula de cor adequada. Desenvolvemos cada nova cor OEM numa fórmula de repintura e disponibilizamos fórmulas para lidar com as variações dessas cores, que podem ser causadas por vários fatores, tais como diferentes locais de produção, de técnicas e sistemas de aplicação OEM, a qualidade da tinta OEM e a resistência ao envelhecimento da cor. E desenvolvemos fórmulas à base de água e também à base de solvente. Atualmente, oferecemos 200 mil fórmulas, atualizadas constantemente.

Por que razão é importante estudar as tendências de cor?

Para produção em série, temos que ser capazes de aconselhar os OEMs sobre quais as tendências relevantes e o que funciona melhor nos novos modelos. No lado da repintura, é importante acompanhar as tendências de cores OEM para garantir que nos mantemos atualizados com a nossa oferta. Por exemplo, se certas famílias de cores estão a tornar-se mais populares, é vital que estejamos preparados para isso. Desenvolvemos e rapidamente e colocamos no mercado novos pigmentos de elevada intensidade cromática e aditivos de verniz para responder a esta tendência crescente.

Poderão as tendências de cor alterar-se com a chegada dos híbridos e elétricos?

As cores suaves e sóbrias refletem a relação próxima entre tecnologia e natureza. Há um interesse em cores claras com uma aparência moderna e de alta tecnologia, que são frequentemente escolhidas por serem conceitos ecológicos. Além disso, as cores mais claras podem contribuir para a funcionalidade, por exemplo, de veículos autónomos, porque são mais facilmente detetáveis pelos sistemas LiDAR (Light Detection and Ranging – tecnologia óptica de detecção remota que mede propriedades da luz reflectida de modo a obter a distância relativamente a um determinado objecto). Mas os fabricantes estão a procurar tecnologias para continuar a utilizar cores escuras, e existem sistemas para as detetar.

De que forma os novos equipamentos, ferramentas e tecnologias agilizam o processo de repintura e melhoram a rentabilidade?

A Gestão da Cor Digital que a Axalta está a oferecer exclusivamente às oficinas significa que agora podem gerir a cor de forma totalmente digital e sem fios, num processo que envolve os mais recentes espectrofotómetros para medição de cor de forma digital, portais que fornecem uma base de dados de fórmulas online sempre atualizada, assim como a troca de dados entre dispositivos, tais como balanças e impressoras. Permite ainda a gestão de stocks, gestão da secção de repintura ou o e-ordering. A operação, via tablet ou smartphone, ajuda a aumentar a mobilidade na oficina. As folhas de obra podem ser enviadas para a balança através de um dispositivo móvel e as atualizações e backups são feitos de forma automática. As oficinas podem digitalizar as suas operações implementando a gestão de cores digital da Axalta, complementado com o sistema de Folha de Obra e o painel de KPI, ligado ao BMS (sistema de gestão oficinal) e a uma solução de cálculos online. Estas ferramentas ajudam as oficinas a analisar e a usar os dados para prestarem um serviço mais rápido ao cliente, processos mais fáceis e maior rentabilidade.

Que soluções serão introduzidas no mercado em breve?

No início deste ano, Michael Koerner, um dos investigdores da Axalta, ganhou o prémio SURCAR Technology Achievement Award, pela sua apresentação intitulada “Exterior Colorcoats for Digital Printing”, sobre a pesquisa de tecnologia de revestimento e aplicação digital da pintura. À medida que a necessidade de veículos com várias cores e os tipos de personalização aumentam, os OEMs continuam a mostrar interesse na impressão digital da cor. A Axalta está a trabalhar em aplicações que fornecem a capacidade de imprimir vários revestimentos e cores diretamente no veículo, o que aumenta a variedade de estilos e elimina o desperdício das técnicas atuais de pulverização. O desenvolvimento coordenado dos avanços, tanto nas novas formulações de tinta, como no design do aplicador, é essencial para tornar essa tecnologia uma realidade.

Que aspetos do processo de repintura são mais suscetíveis a erros e são, por isso, prioritários para a introdução de novas tecnologias?

A Axalta tem todas as ferramentas para ajudar a evitar problemas de correspondência de cor, para que as oficinas trabalhem da forma mais produtiva e digital possível. A primeira coisa a fazer é garantir que os pintores estão a utilizar os espetrofotómetros devidamente actualizados, o que elimina a hipótese de erros na leitura da cor. Para novas cores OEM, graças à ligação entre a Axalta e os OEMs, as novas fórmulas ficam rapidamente disponíveis e são carregadas na base de dados, o que significa um acesso imediato à cor e técnicas de repintura, o que garante a produtividade.

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