Com a integração de Juan Domingo Muñoz na Nissens Iberia, a empresa pretende consolidar e expandir o negócio no mercado Ibérico.
Juan Domingo Muñoz Estepa é, desde o passado mês de maio, o novo CEO da Nissens Iberia, ficando responsável pelo crescimento e expansão da marca dinamarquesa nos mercados de Espanha e Portugal. Em entrevista exclusiva à REVISTA PÓS-VENDA, explica os objetivos e estratégias para consolidar o negócio da empresa no mercado Ibérico.
Como tem evoluído o negócio ibérico para a Nissens, desde o início da pandemia?
Aquilo a que assisti, mesmo antes de integrar a Nissens, foi a uma recuperação do mercado na segunda metade do ano de 2020. Com o fim do primeiro confinamento, as pessoas começaram a viajar principalmente de carro, não utilizando tanto os transportes públicos. Por isso, a segunda metade de 2020 foi muito boa. E, desde maio de 2021, os carros voltaram a circular e o negócio voltou a melhorar novamente. Em janeiro e fevereiro a situação estava muito complicada, e aí o mercado esteve novamente em baixo, mas desde maio, o mercado está a evoluir conforme os automóveis voltam a circular. Para a Nissens, o negócio está agora semelhante ao que estava antes da pandemia, em finais de 2019. Recuperámos e estamos nos mesmos valores do período pré-pandemia. E o nosso objetivo é acabar o ano um pouco acima disso. É uma recuperação rápida e um bom crescimento, não apenas devido aos novos produtos que introduzimos em 2019, mas também porque este é um tipo de produtos em que a recuperação é mais fácil do que para empresas que vendem outro tipo de produtos.
Quais as estratégias que a Nissens irá implementar no mercado ibérico?
Em primeiro lugar, queremos estar cada vez mais perto do cliente. A minha entrada neste cargo é uma das bases dessa estratégia, porque, até agora, o mercado português não tinha um responsável direto, era gerido diretamente pela sede da Nissens. E a equipa espanhola estava apenas a gerir o negócio em Espanha. O mercado português e o espanhol serão geridos por mim, para promover essa proximidade e rapidez para os clientes nos dois países, melhorando o serviço. Historicamente, temos presença no mercado Português, mas com esta nova estratégia o aumento da quota de mercado será uma consequência. Outra estratégia é mantermos altos níveis de logística. Neste momento, existe uma falta de matérias-primas e todo o mercado está a ser prejudicado por isso. O que estamos a fazer é a tentar manter os níveis semelhantes ao período pré-pandemia, e temos clientes a chegarem a nós porque alguma da nossa concorrência está a ser mais prejudicada por esta situação do que a Nissens. Queremos também crescer e introduzir novos produtos, no caso dos radiadores e compressores de ar condicionado, mas mantendo sempre os níveis de qualidade que a Nissens tem dado ao mercado. Abrimos um novo centro técnico para testes na Alemanha.
Quais são as principais dificuldades e oportunidades do mercado Português?
Os riscos no mercado português não são diferentes dos outros mercados. A falta de matérias-primas e o aumento do seu custo para todos os players, causa falta de stocks. E, além disso, outra dificuldade é saber quando é que a pandemia será controlada e a vida voltará ao normal. As oportunidades surgem pela recuperação do mercado que, depois do confinamento, está a atingir os níveis pré-pandemia. Queremos acompanhar esse crescimento e aumentar as nossas vendas em Portugal. O aumento da nossa gama de produtos irá trazer também oportunidades. Além disso, ao estarmos mais próximos dos nossos parceiros, estamos mais atentos às necessidades específicas de cada cliente e a nossa reação será mais rápida do que era no passado.
Quais são as principais linhas de produto procuradas no mercado ibérico?
Temos três grandes linhas de produto: Climate, Engine Cooling e Efficiency & Emissions. Na linha de Engine Cooling, os produtos principais são os radiadores. Na linha de Climate, em termos de volume, são os compressores e, no caso da linha Efficiency & Emissions, são os turbos. Também comercializamos estes produtos para veículos pesados, e, no caso dos turbos, estarão disponíveis para camiões nas
próximas semanas.
Que serviços pós-venda oferece a Nissens aos clientes portugueses?
Através do Nissens Training Concept, uma plataforma de e-learning da Nissens Automotive, oferecemos formação e apoio técnico na instalação de componentes, com vídeos, uma ferramenta para identificar referências e temos também um formador técnico dedicado ao mercado ibérico. Alguns dos nossos concorrentes também disponibilizam apoio técnico, mas esta plataforma é uma forma de nos diferenciarmos, porque o cliente pode aceder e encontrar rapidamente a informação de que necessita, em vários idiomas.
De que forma a Nissens se diferencia dos concorrentes no mercado ibérico?
Estamos a investir muito no Nissens Training Concept, para fazer uma diferenciação da concorrência. Além disso, a gama de produtos também é um dos fatores que nos
diferencia. Queremos estar próximos do cliente porque para nós é um parceiro, não apenas alguém que compra a peça. Ao estarmos próximos do cliente percebemos as suas necessidades e fornecemos-lhe os produtos para poderem estar presentes no mercado no futuro, oferecendo-lhes produtos adequados para os novos tipos de veículos e crescendo juntos. O que oferecemos em comparação com outras empresas que apenas se focam no preço é a estabilidade na relação de parceria, o serviço de qualidade, e também o facto de respeitarmos a cadeia de distribuição. Temos dois tipos de cliente para os nossos produtos: o grossista de peças tradicional e também os clientes especialistas num determinado produto, como radiadores, por exemplo. Há empresas que vendem diretamente às oficinas, mas, para nós, a distribuição é a nossa forma de chegar ao mercado, não fazemos venda direta.
A concorrência com produtos low cost é uma ameaça?
Existem várias empresas que oferecem produtos low cost neste mercado. Nestes períodos de crise económica, estes players têm grandes oportunidades, porque o cliente procura mais preço. Mas a Nissens não é um produto de preço, o nosso foco é a qualidade. Além disso, temos um serviço pós-venda completo, com formação e apoio técnico, que essas marcas não oferecem. Por isso, competimos no mercado com ferramentas completamente diferentes de apenas preço.
De que forma está a Nissens a adaptar-se às novas tecnologias aplicadas aos veículos?
Juan Domingo Muñoz Estepa
“A Nissens está a investir muito em novos produtos, aplicados às novas tecnologias de veículos elétricos, híbridos, etc. Não seremos tão afetados como algumas empresas que comercializam outros tipos de produtos. Mas há produtos que comercializamos e que irão desaparecer, mas não sabemos daqui a quanto tempo. E este investimento em novos produtos dá confiança ao mercado de que estamos atentos para oferecer uma gama o mais ampla possível para as novas tecnologias de veículos. Os novos lançamentos serão, por isso, focados nas novas tecnologias de veículos, mas incluindo sempre produtos para o parque atual. E, com todos estes novos produtos, a formação e informação técnica na Nissens estará sempre também incluída, obviamente”.
Artigo publicado na Revista Pós-Venda n.º 70 de julho de 2021. Consulte aqui a edição.