A start-up portuguesa Stex pretende construir em Portugal, nos próximos dois anos, a primeira biorrefinaria da Península Ibérica.
A solução inovadora desenvolvida pela Stex aproveita os resíduos florestais e agrícolas e os resíduos sólidos urbanos para produzir bioetanol, que tem de ser incorporado nos combustíveis do setor dos transportes para responder a diretiva europeia “Renewable Energy – Recast to 2030 (RED II)”.
A Stex, criada em 2019 depois de quatro anos de investigação científica no Brasil, desenvolve tecnologias verdes para a produção de biocombustíveis líquidos, pré-bióticos e proteínas a partir de biomassas residuais ou resíduos em escala industrial, e foi hoje distinguida com o prémio Born from Knowledge (BfK) Awards, atribuído pela Agência Nacional de Inovação (ANI), no âmbito da 7ª Edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola. O administrador, Lucas Coelho, destaca que a start-up opera uma planta piloto dentro das instalações da Unidade de Bioenergia e Biorrefinarias do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) coordenado pelo Dr. Francisco Gírio e pretende lançar no espaço de dois anos a primeira biorrefinaria da Península Ibérica.
A Stex, que desenvolveu um processo inovador, o qual, ao contrário do que acontece nas soluções maioritariamente adotadas, não parte de açúcares (Brasil) ou hidratos de carbono (Europa e EUA). Estas alternativas, além de não serem as mais sustentáveis, ainda competem com a produção de alimentos, o que aumenta os seus preços. A solução da Stex assenta numa unidade industrial, a biorrefinaria, para transformar resíduos florestais, agrícolas ou lixo urbano em bioetanol. Trata-se de um biocombustível avançado, uma vez que é feito a partir de matéria celulósica residual e não compete com a produção de alimentos.
Os clientes da Stex são os distribuidores de combustíveis, que, no âmbito da RED II, têm de incorporar nos seus produtos pelo menos 0,2% bioetanol já em 2022, 1% em 2025 e 3,5% em 2030. O objetivo é que, até 2030, o consumo de fontes de energia renováveis pela União Europeia seja de 32%. Com a procura por este tipo de biocombustível a aumentar nos próximos anos, a Stex revela que, só na Europa, o potencial de mercado pode chegar a 15 mil milhões de euros.
Nos próximos dois anos, o objetivo é construir em Portugal a primeira biorrefinaria da Península Ibérica, e, em 10 anos, 10 no território ibérico. O restante mercado europeu também está nos seus horizontes.
O processo desenvolvido pela Stex dá um destino sustentável aos resíduos florestais, agrícolas ou urbanos. Por outro lado, o projeto permite aos distribuidores de combustíveis contribuir para a descarbonização da sociedade ao utilizar um biocombustível de resíduos que pode reduzir até cerca de 95% as emissões de CO2 em comparação com os fósseis.