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Filtros de habitáculo: Oportunidade para as oficinas

23 Dezembro, 2019

A substituição do filtro de habitáculo é essencial para manter a qualidade do ar dentro do automóvel, mas muitas vezes a sua importância é esquecida pelos profissionais e clientes.

TEXTO NÁDIA CONCEIÇÃO

Quando o proprietário de uma viatura entra numa oficina para realizar a manutenção do seu veículo, substituir o filtro de habitáculo nem sempre faz parte da lista. Grande parte dos clientes não sabe para que servem e nem sempre a oficina aconselha o cliente a fazê-lo. “É importante que cada condutor tenha a consciência que deve substituir o filtro de habitáculo uma vez por ano, mas o que se verifica é que a manutenção deste filtro é muitas vezes ignorada no âmbito dos serviços rotineiros de manutenção. Infelizmente, não existe ainda uma consciência generalizada sobre a importância do filtro de habitáculo para a saúde dos passageiros”, refere Joana Santo, do bilstein group.

Funções
Com cerca de 100 mil litros de ar a entrar na cabine a cada hora de viagem, a utilização de um filtro de habitáculo é essencial. Por isso, a sua substituição periódica não deve ser descurada e a sua função deve ser explicada ao cliente: filtrar poeira e pólen do ar que entra no veículo, bactérias, pólenes, resíduos de travagem, óxidos de enxofre e gases de combustão. Tiago Domingos, da Auto Delta, lembra que “os restantes filtros utilizados no automóvel têm como finalidade a proteção do veículo e do motor, e este filtro procura garantir o conforto e a saúde do condutor e dos passageiros”. Joana Santo acrescenta: “O filtro de habitáculo reduz a exposição dos passageiros dos veículos a elementos 23contaminantes existentes no ar, gerando assim um ambiente no interior do veículo mais confortável, especialmente para quem tem asma ou alergias. Um filtro de habitáculo limpo leva a que o ar dentro do habitáculo seja mais filtrado, retardando a formação de uma película no interior do para-brisas e permitindo um desembaciamento mais rápido. A filtragem promove a segurança da condução passiva, especialmente importante durante a condução em cidade, engarrafamentos e túneis”. Bruno Jerónimo, da Bosch, lembra que, para além da filtragem das partículas prejudiciais que se encontram no ar, os filtros de habitáculo “protegem também o sistema de climatização e ar condicionado, proporcionando um maior conforto e segurança na condução”, mas lembra que tudo isto só acontece se o filtro se encontrar em perfeito estado de conservação.

Substituição
Se o cliente optar por não substituir o filtro de habitáculo, isso pode trazer consequências graves para a saúde do condutor e passageiros. Os filtros entupidos vão reduzir a quantidade de ar limpo que entra na cabine, o que pode levar ao embaciamento das janelas e acumulação de poeira, dando também origem a problemas com o sistema de aquecimento, ventilação e ar condicionado, que ficará sob pressão se o filtro estiver bloqueado. “A tecnologia não permite que os filtros sejam permanentes e a sua capacidade de filtrar os elementos é finita, pelo que existe a necessidade de uma substituição regular”, explica Joana Santo. “Caso o veículo circule muito em cidade, o tempo de substituição deve ser mais curto”. Tiago Domingos lembra a importância da substituição do filtro de acordo com os parâmetros indicados pelo fabricante da viatura. “Ainda assim, é conveniente conferir o seu estado regularmente, pois diferentes tipos de condução e de vias rodoviárias podem degradar mais rapidamente o filtro”. Por sua vez, Ricard Albi, da Sogefi, recomenda a troca do filtro de habitáculo anualmente ou a cada 15 mil km. Bruno Jerónimo indica que a primavera é um bom momento para substituir este filtro, “mas é de considerar também que, durante o outono e inverno, a humidade é elevada e que as substâncias acumuladas no circuito de climatização podem resultar em maus cheiros no interior do veículo. De igual forma, sempre que estiver prevista uma viagem longa, é recomendável realizar-se previamente a correspondente manutenção do filtro de habitáculo”.

Tecnologia
Atualmente, existem vários modelos de filtros de habitáculo disponíveis no mercado. A sua evolução tecnológica tem passado pelo aumento do número de camadas e, consequentemente, da capacidade de filtragem. “Para além dos filtros de habitáculo de pólen e de carvão ativo, que já se encontram no mercado há algum tempo, começam a aparecer novos filtros no mercado com uma nova camada, com função antibacteriana”, explica Carlos Gomes, da TRW. As partículas poluentes estão cada vez mais pequenas e cada vez mais presentes no nosso meio ambiente, e, por isso, Tiago Domingos refere que é imperativo que os filtros apresentem características cada vez mais protetoras. “Os filtros com capacidades antibacterianas têm apresentado resultados bastante satisfatórios”, indica.

O filtro convencional é feito de tecido não-urdido totalmente sintético e é projetado para filtrar partículas com apenas alguns mícrons. As fibras têm carga elétrica e por isso atraem os poluentes, como pólen, fuligem, poeira e muitas outras partículas finas. Por sua vez, os filtros com carvão ativado não filtram apenas partículas sólidas, mas também gases nocivos, tais como dióxido de nitrogénio, monóxido de carbono, dióxido de enxofre e ozono, através de três camadas: uma camada de carvão ativo colocada entre duas camadas de fibras não tecidas. No caso dos filtros antibacterianos, estes surgem com várias camadas, preparados para uma maior retenção das microbactérias e uma separação dos alergénios: uma filtração preliminar com um meio sintético projetado para reter algumas das principais fontes de alérgenos suspensos no ar, uma camada de carvão ativo e outras camadas extra, que vão desde camadas eletrostáticas que retém partículas de menor dimensão, como poeira ambiental, pólen e resíduos dos travões, a camadas enriquecidas com iões de prata, para uma função antibacteriana e fungicida.
Carlos Gomes lembra que este mercado está a crescer, “decorrente de uma maior consciencialização das pessoas para a importância da qualidade do ar no interior do habitáculo, e por outro lado as próprias oficinas estão mais dispostas a sugerir a sua substituição ao cliente final”. Desta forma, a substituição regular do filtro do habitáculo proporciona mais conforto e saúde aos ocupantes do veículo, para além de ser também mais uma oportunidade para as oficinas aumentarem a sua rentabilidade.

Sinais de que é necessário trocar o filtro de habitáculo:
>> Odor desagradável na cabine
>> Vidros que embaciam facilmente
>> Mau funcionamento do ar condicionado ou do sistema de ventilação.

Evolução futura dos filtros de habitáculo
Ricard Albi
SOGEFI
“Hoje em dia, o filtro de cabine tem sido um dos filtros mais inovadores do aftermarket. O futuro deste produto vem não só com novas tecnologias, mas também em relação à interatividade com o automóvel”.

Tiago Domingos
AUTO DELTA
“Numa época em que muitas dúvidas se colocam sobre o automóvel do futuro, a verdade é que um componente que filtre o ar que se encontra dentro do habitáculo continuará a ser essencial, fruto da importância que tem para a saúde humana. Desta forma, a evolução passará sempre pela composição dos filtros e as suas características que, por um lado permitam manter um ambiente saudável dentro da viatura e, por outro, impeçam a entrada de cada vez mais pequenas partículas poluentes ou de outras que prejudiquem quem se encontra dentro do habitáculo”.

Bruno Jerónimo
BOSCH
“Hoje em dia praticamente todos os veículos novos estão equipados com filtros de habitáculo. Coisa que não ocorria no passado. Segundo os nossos estudos, nos últimos anos, o volume de mercado de filtros de habitáculo destacou-se pelo crescimento registado, substancialmente mais elevado que os dos outros tipos de filtros. Apesar de se considerar que este crescimento será naturalmente mais reduzido no futuro, o facto de existirem algumas incertezas em relação às tecnologias de propulsão, quando as projetamos a longo prazo, o filtro de habitáculo será, sem dúvida, uma peça fundamental e segura, por parte dos fabricantes de filtros, até para as marcas aftermarket”.

Carlos Gomes
TRW
“É um mercado que continuará a crescer nos próximos anos, uma vez que ainda não atingimos o rácio recomendável de substituição deste filtro”.

Artigo publicado na Revista Pós-Venda n.º 42, de março de 2019. Consulte aqui a edição.

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