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“A formação é assegurada por técnicos especializados com formação em engenharia mecânica”, João Duarte, ESRBP

23 Janeiro, 2024

A ESRBP adequa a oferta formativa e os meios técnicos às necessidades das oficinas e concessionários da região Oeste do país.

Nas modernas instalações da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, nas Caldas da Rainha, o Ensino Profissional e, mais concretamente, o curso Técnico de Mecatrónica Automóvel, têm um lugar de destaque na oferta formativa. “Uma larga rede de parceiros, do poder local, empresas e associações, participa ativamente na vida escolar e permite que a formação ministrada ultrapasse as salas de aula, com participação sistemática nos eventos da comunidade. A participação ativa dos parceiros tem permitido uma adequação da oferta formativa às necessidades locais, conseguindo excelentes taxas de colocação na vida ativa. No caso do curso de Técnico de Mecatrónica Automóvel, a formação é assegurada por um corpo docente de técnicos especializados com formação em engenharia mecânica”, explica João Duarte, Coordenador do Ensino Profissional na ESRBP. Além disso, a escola está neste momento a implementar dois centros tecnológicos especializados, em que uma das áreas com forte aposta é a mobilidade elétrica.

MECATRÓNICA AUTOMÓVEL
As atividades letivas são normalmente realizadas nas oficinas da escola, complementadas com visitas de estudo e workshops externos. Diogo Mendes, Diretor de curso de Técnico de Mecatrónica Automóvel explica que esta oferta formativa “é única na região, acolhendo alunos, não só do Concelho, mas de toda a área geográfica adjacente. As oficinas bem equipadas, o corpo docente estável e a rede de parceiros tornam este curso numa referência. O espaço oficinal encontra-se bem equipado, sendo que a dificuldade da escola é a falta de espaço para crescer”. Além do equipamento que chegará à escola brevemente: um veículo elétrico, totalmente funcional preparado para kit didático, um veículo híbrido, diversas maquetes, sistemas de diagnóstico e reparação e baterias de alta tensão, entre outros equipamentos, destaca-se algum do já existente: “vários simuladores didáticos de avarias diesel, gasolina, ar condicionado, ABS, caixas automáticas, injeção a gasolina multiponto e monoponto, uma máquina de diagnóstico, e também multímetros, osciloscópios, banco de potência, frenómetro, elevadores, máquina para alinhamento de direções, máquina para desmontar molas das suspensões, máquina para desmontar pneus e equilibrar rodas, motores e caixas de velocidade para desmontar e montar, motores em corte, tornos mecânicos, estação de soldadura, prensa hidráulica de 50 toneladas, e ferramentas gerais”, refere Diogo Mendes.

SAÍDAS PROFISSIONAIS
Alguns dos formandos optam pelo prosseguimento de estudos no ensino superior, mas
a maioria obtém colocação nas empresas da região, entre as quais oficinas multimarca, comércio e venda de peças, concessionários de marca. “Adicionalmente à formação em contexto de trabalho, alguns formandos optam por realizar estágio profissional. A taxa de colocação fica sempre acima dos 90%”, adianta João Duarte. “Nos estágios, a escola possui uma rede de parceiros protocolados na zona Oeste. Os formandos são distribuídos pelas suas áreas mais fortes de competência. A colocação dos formandos em estágio é feita em concessionários e oficinas, tais como Grupo A. Júlio, Auto Leandro dos Santos, Benecar, Lubrigaz, Tec-Atlântica, Sacel, M. Coutinho, Lizitália e várias oficinas multimarca”.

João Duarte
Coordenador do Ensino Profissional na ESRBP
A ESRBP está disponível para dar formação à medida de uma empresa/oficina?
Com o forte investimento em áreas com lacunas de formação, como a mobilidade elétrica, está em marcha um plano de formação para a rede de parceiros. O objetivo é que parte da formação em que as empresas recorrem a entidades externas, poderem fazer na ESRBP enquanto nossos parceiros. Isto é algo que pode vir a acontecer e é uma forma de trazer à escola alguns profissionais que estão já no mercado de trabalho.

Como avalia a formação neste setor em Portugal?
A falta de investimento na escola pública causa muitas vezes impossível ministrar formação em áreas emergentes e inovadoras, sendo apenas possível esse tipo de formação em instituições patrocinadas pelo tecido empresarial. A recente medida da Criação de Centros Tecnológicos Especializados veio permitir esse investimento, o que, a curto prazo, melhorará a qualidade da formação oferecida. Em Portugal, o setor automóvel está em plena reestruturação. O anunciado e já legislado fim da produção de veículos a combustão em 2035 nos estados membros da União Europeia, vem abrir portas a novas oportunidades. Se a aposta na formação nas novas formas de mobilidade for bem-sucedida, acreditamos que Portugal pode receber linhas de montagem novas para além das existentes.

Existe interesse crescente dos alunos pelos cursos profissionais?
O ensino profissional tinha um estigma, mas neste momento já não é assim. Já existem muitos jovens que chegam ao 9.º ano e que, podendo optar pelo ensino regular, optam pelo ensino profissional. O ideal seria optarmos pelo modelo nórdico, em que existe uma grande ligação ao tecido empresarial, mas isto é algo que se vai construindo gradualmente. Ainda existe alguma desconfiança no aluno que é colocado no posto de trabalho numa empresa pela primeira vez, mas, a partir do momento em que há uma experiência positiva, essa desconfiança desaparece. Há cada vez mais a noção de que a formação é válida. Existem cada vez mais propostas de emprego à escola para direcionarmos os alunos, enquanto estes ainda estão em formação, o que é um sinal dessa validação de competências. No caso da formação em repintura, que é uma grande lacuna do nosso mercado, é um setor que não é tão aliciante para os jovens como a mecatrónica. Além disso, a formação de repintura é muito especializada e necessita de muito espaço. Temos em vista, no futuro, realizar formação nesta área nas instalações de alguns parceiros, além de estes parceiros poderem recorrer também às nossas instalações para formar
os seus técnicos.

Técnico de Mecatrónica Automóvel
Dupla certificação – Certificado profissional nível 4 e equivalência ao 12.º ano de escolaridade.
Curso de nível IV, 3375 horas, distribuídas ao longo de 3 anos letivos.
Componente Prática – 1875 horas

Artigo publicado na REVISTA PÓS-VENDA 91, de abril de 2023. Consulte aqui a edição.

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