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Oficinas com Futuro: Diagnóstico

6 Setembro, 2024

Já avaliou as potencialidades da máquina de diagnóstico que tem na sua oficina? É muito comum ouvir-se no mercado que muitas oficinas só utilizam a máquina de diagnóstico para ler e apagar as luzes de avarias.

Basicamente é o mesmo, que ter um Ferrari na garagem e só andar com ele para passear junto à praia aos fins-de-semana. Uma máquina de diagnóstico é um equipamento oficinal poderosíssimo que quando bem usado, explorando as suas reais potencialidades, permite à oficina resolver muitos dos problemas dos carros dos seus clientes. Porém, a máquina de diagnóstico deve ser bem usada e explorada e, admitamos, que nem todos os profissionais da oficina estão para aí virados. Voltemos ao exemplo do Ferrari. De que vale ter um Ferrari na garagem se eu não o aprender a conduzir como um carro desses exige?

Quem investe num equipamento de diagnóstico não pode pensar que está a comprar uma máquina para apagar avarias no carro do seu cliente. É o mesmo de um Ferrari, quem o puder comprar terá que investir mais uns milhares de euros em cursos de condução, para depois não só poder desfrutar dele em pleno, como o poder usar em segurança em qualquer momento de condução. Por isso, quando adquirir uma máquina de diagnóstico não olhe apenas para o seu preço e eventual potencial da mesma. Primeiro avalie quais são as suas necessidades e procure que tipo de máquina é que se pode eventualmente adequar ao tipo de serviço e de carros que a oficina mais trabalha.

Depois procure sempre um fornecedor que lhe dê a formação técnica sobre o potencial do equipamento que acaba de adquirir. Investir um ou dois dias em formação, significa que está a investir na sua qualidade de serviço e na rentabilização do equipamento que adquiriu. Não é uma perda de tempo, nem uma chatice, é acima de tudo valorizar o investimento que fez e torna-lo reprodutivo o mais rapidamente possível.

Não se esqueça também de exigir suporte e acompanhamento técnico ao seu fornecedor do equipamento. Se uma empresa vende equipamento de diagnóstico tem que garantir que tem um forte conhecimento técnico sobre aquilo que entrega a uma oficina. Se assim não for esse não será um bom fornecedor, pelo menos em termos de equipamento de diagnóstico. Também não poderá esquecer de fazer com a frequência exigida pela máquina e pelo fabricante da mesma, as necessárias atualizações técnicas.

É importante não esquecer este aspeto, pois um modelo automóvel pode gerar informação técnica sobre um mesmo determinado aspeto mais do que uma vez (as atualizações de serviço são constantes hoje em dia). Não atualizar a máquina de diagnóstico poderá querer dizer que a informação disponibilizada, mesmo estando correta, pode não ser a mais atualizada.

1 – Cliente:
Um bom diagnóstico sobre os sintomas do automóvel começa numa conversa com o cliente. Os pormenores e os detalhes que o cliente poderá fornecer sobre o problema que tem no seu carro podem ser meio caminho andado para a resolução de um problema de diagnóstico. Se possível, faça mesmo um teste de estrada com o cliente, para que se tenha uma mais fácil perceção do problema. Pode ainda utilizar o equipamentos de diagnóstico para monitorizar o teste.

2 – Falha:
É muito importante que o mecânico tenha as informações de quando ocorre a falha, a sua frequência, a que temperatura do motor, a que velocidade, em que condições de estrada, etc. Sobre a falha (para além da aventual luz de motor acessa), deve perceber em que condições ocorre, se a falha é no arranque, se é com o motor quente, se é ao ralenti e eventuais odores presentes.

3 – Investigação:
Não comece a fazer o diagnóstico sem que primeiro faça uma investigação técnica sobre o carro que entrou na sua oficina. É essencial que uma oficina recolha toda a informação técnica disponível sobre aquele veículo (esquemas elétricos, boletins técnicos, manuais de serviço e reparação, etc.) para dessa forma melhor entender o funcionamento do mesmo e mais facilmente intervir na avaria.

4 – Inspeção Visual:
A inspeção visual, antes de qualquer uso do equipamento de diagnóstico, deve ter em atenção muitos e interessantes pormenores, entre os quais se destacam as alimentações, o sistema de carga, conexões à terra/massas, fluídos, conetores e cablagens, reparações recentes, tipo de peças usadas nessas anteriores reparações, etc.

5 – Códigos de avaria:
Quando utilizar o equipamento de diagnóstico para ler os códigos de avarias não deverá esquecer também os códigos que estão pendentes. Deverá ainda extrair e registar dados congelados, como também extrair os códigos de todos os módulos. É fundamental que essa informação seja toda ela do conhecimento do mecânico.

6 – Testes:
Existem uma série de testes que deverá conhecer e dominar quando se faz diagnístico. Avaliação do sistema de carga, bateria e arranque, testes de eficiência volumétrica, teste de bomba de combustível, testes de sensores de oxigénio, testes de sensores MAF / MAP (CMP / CKP), testes de injetores, testes de eficiência de SCR, teste de funcionamento de DPF, teste a uma red CAN / LIN / FLEX RAY / Ethernet.

7 – Suporte online:
Atualmente já existem para alguns dos softwares de diagnóstico o suporte remoto online, que permite que uma entidade especializada em diagnóstico se conecte ao carro remotamente e ajude a oficina a resolver o problema. Trata-se de uma solução de apoio técnico muito interessante para quem não quer perder tempo com os maiores problemas de diagnóstico.

8 – Formação:
Não existe forma de melhor poder explorar a máquina de diagnóstico do que estar permanentemente em formação. Atualmente o conhecimento técnico é mais de meio caminho para a resolução dos problemas, tendo em conta os avanços tecnológicos que um moderno automóvel integra.

9 – Equipamento adequado:
Mesmo sabendo que não existe uma máquina que resolva todos os problemas de diagnóstico de todos os automóveis, existe certamente a máquina que mais se adequa ao seu serviço, tendo em conta o volume de serviço e a tipologia de carros que normalmente trabalha.

10 – Ligação à internet:
Quem utiliza equipamentos de diagnóstico numa oficina não pode nunca descurar a ligação à internet. É fundamental ter uma ligação boa à internet, não só porque o bom funcionamento de uma máquina de diagnóstico pode depender disso, mas também para as conexões exteriores (quando se fazem as atualizações).

11 – Atualizações noturnas:
O volume de dados que uma máquina de diagnóstico pode receber regularmente, podem fazer com uma atualização demore demasiado tempo a fazer. Tente que essas atualizações sejam feitos em horários em que a oficina não esteja em funcionamento.

12 – Equipamentos de suporte:
A utilização de um equipamento de diagnóstico leva a que os mecânicos muitos vezes tenham que utilizar outros equipamentos complementares de diagnóstico, entre eles podemos destacar: multímetro (para medir a tensão); osciloscópio (análise de sinais elétricos em tempo real); compressão de motor (verifica a compressão dos cilindros), teste de bateria; testes de injetores; analisador do sistema de arrefecimento, etc.

13 – Testes de condução:
Após realizar o diagnóstico e resolver a falha, faça de novo um teste de estrada. Tal situação poderá comprovar se o problema foi bem resolvido e evita problemas futuros, caso a falha se volte a verifique quando o cliente retoma o seu carro na oficina.

14 – Prevenir problemas futuros:
Todos os testes e diagnósticos que faça a qualquer automóvel guarde-os no registo que faz sobre o automóvel. Dessa forma poderá ficar com um histórico do veículo que lhe poderá ser útil em futuras intervenções aquele automóvel, mas também defender-se (perante o cliente) de novas avarias que o carro volte a ter.

15 – Empresa credíveis:
Não compre o seu equipamento de diagnóstico sem que primeiro conheça bem o fornecedor. É muito importante para futuras situações de garantia e atualizações que conheça o seu fornecedor. Comprar equipamentos ilegais é um mau investimento, pois não terá qualquer suporte técnico, não terá direito às atualizações fundamentais e pode colocar em causa o veículo do seu cliente numa determinada reparação.

COM O APOIO:

Artigo publicado na REVISTA PÓS-VENDA 108, de setembro de 2024. Consulte aqui a edição.

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